A modelo belga Hanne Gaby Odiele revelou ser intersexual – portadora de caraterísticas sexuais que não são definidas como masculinas nem femininas – na esperança de ajudar a quebrar este tabu, dá conta o USA Today. Hanne nasceu com uma doença chamada Síndrome de Insensibilidade Androgénica, ou seja, com cromossomas XY. Tinha testículos internos, que lhe foram retirados por cirurgia aos dez anos, depois dos médicos alertarem para possíveis riscos de cancro.
“É muito importante para mim, e nesta altura da minha vida, quebrar este tabu”, revelou a modelo de 29 anos, numa entrevista exclusiva ao USA Today. “Neste momento, neste dia e nesta idade, estou perfeitamente bem para falar sobre isto”, acrescenta.
Hanne Odiele admite ainda que sempre soube que algo estava mal em si. “Eu sabia que depois da cirurgia não podia ter filhos e não ia ficar menstruada. Eu sabia que se passava alguma coisa de errado comigo”, revela.
A modelo belga voltou a ser operada aos 18 anos, desta vez para reconstruir a sua vagina. Porém, os procedimentos foram dolorosos e foi essa a principal razão pela qual decidiu tornar o assunto público: o seu objetivo foi desencorajar outros pais a submeterem os filhos a este tipo de intervenções.
Hanne também fez questão de colocar uma fotografia no Instagram, em forma de apelo, para encorajar outras pessoas a encarar uma realidade que nem sempre é bem aceite.
“A intersexualidade faz parte de quem sou, tal como a cor do meu cabelo. Isso não me define. Sou intersexual e tenho orgulho nisso!”, pode ler-se na publicação.
A modelo também publicou um vídeo, mas desta vez com uma mensagem destinada aos pais e aos médicos: deixar os filhos escolher o que querem para si e não ver as cirurgias como condição obrigatória.
Hanne Gaby Odiele está atualmente casada com o modelo John Swiatek, de 27 anos. Swiatek mostrou-se muito orgulhoso com a atitude da mulher e não lhe poupou elogios. “Estou muito impressionado com a sua atitude, ao defender as crianças intersexuais, com o objetivo de lhes dar a oportunidade de decidir o que querem fazer com os seus corpos, ao contrário da falta de opções e informação que foi dada a Hanne (e a muitos outros) e à sua família”, referiu Swiatek também em entrevista ao USA Today.