Tomás Correia, ex-presidente do Montepio Geral, é alvo de um novo inquérito nascido a partir da Operação Marques, avançou esta tarde a SIC Notícias. Correia é suspeito de ter recebido 1,5 milhões de euros para aprovar o financiamento de um construtor civil da Amadora, de nome José Guilherme. Tomás Correia é ainda presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, a dona da Caixa Económica.
Ao que o Observador apurou, Tomás Correia já foi constituído arguido no âmbito deste inquérito autónomo.
A Procuradoria-Geral da República confirmou esta quarta-feira, através de um comunicado enviado às redações, a existência de um inquérito no qual se “investigam factos relacionados com o financiamento concedido por Montepio Geral e BES a um fundo para aquisição de terrenos”. No inquérito, que neste momento tem três arguidos constituídos, estão em causa crimes de abuso de confiança, burla qualificada e branqueamento de capitais.
No comunicado lê-se ainda que a investigação foi iniciada em 2016 e “teve origem numa certidão extraída da designada Operação Marquês”.
A primeira notícia sobre este caso foi dada pelo semanário Expresso no final de janeiro.
Antigo líder do Montepio suspeito de ter recebido 1,5 milhões do construtor José Guilherme
José Guilherme é um construtor civil que começou a ganhar fortuna no concelho da Amadora, tendo sido igualmente investigado no caso Monte Branco devido a uma transferência de cerca de 14 milhões de euros para uma conta bancária na Suíça aberta em nome de uma sociedade offshore que pertencia a Ricardo Salgado. Chamado aos autos do caso Monte Branco em 2013 como testemunha, Salgado confirmou que tal transferência correspondia a uma “liberalidade” (a um presente, portanto) de José Guilherme pelos conselhos que o então líder do BES tinha dado para investir em Angola, em vez do Leste europeu.
Tomás Correia desmente
O banqueiro emitiu um comunicado durante a tarde desta quarta-feira onde nega qualquer envolvimento na Operação Marquês.
“Desminto categoricamente qualquer envolvimento com a referida Operação Marquês, não estando constituído como parte no citado processo”, lê-se no comunicado.
O texto enviado para as redações refere igualmente a notícia do Expresso do final de janeiro como estando relacionada com um processo com o número 767/16.4 TELSB que, de acordo Tomás Correia, nada tem a com a Operação Marquês.
O presidente da Associação Mutualista que detém o Montepio Geral diz que ainda “não é difícil contextualizar as notícias agora veiculadas, em véspera de realização da Assembleia Geral do Montepio Geral Associação Mutualista, a qual presido por mandato que me foi confiado pelos senhores associados para o triénio 2016-2018” e acrescenta que apresentará a sua demissão, “se alguma vez se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a meu desfavor, em qualquer tribunal, por quaisquer atos ilícitos”.
“Estou profundamente convicto e seguro de que isso não vai acontecer. Estou tranquilo relativamente ao desfecho destas, e de outras acusações que me foram dirigidas”, conclui Tomás Correia.