Já foi identificada a professora suspeita de ter divulgado informações sobre o exame nacional de português do 12.º ano, escreve este sábado o semanário Expresso. Segundo o jornal, a origem da fuga de informação é uma professora de uma escola pública da Grande Lisboa que está envolvida na preparação dos exames nacionais.

A docente dá explicações a alunos do ensino secundário, e terá sido numa dessas sessões de explicações que as informações relativas ao exame foram divulgadas. Na altura, uma aluna divulgou um ficheiro áudio através da rede social WhatsApp em que descrevia algumas das informações que tinha obtido pela explicadora de uma amiga:

Ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores — uma comuna — e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo e só de estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX. Ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive. E pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória…”, ouve-se no ficheiro áudio.

De acordo com o Expresso, já não é a primeira vez em que esta professora, que há vários anos faz parte do grupo que prepara a prova de língua portuguesa, está envolvida numa polémica do género. Já tinha havido, em anos anteriores, suspeitas não concretizadas de que a explicadora tinha informado os seus alunos da matéria a ser incluída no exame.

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IAVE vai enviar para o Ministério Público dados sobre alegada fuga de informação no exame de Português

Os professores que fazem parte destas equipas estão sujeitos a um regime de confidencialidade que os impede de comunicar qualquer conteúdo incluído nos enunciados das provas nacionais. O Expresso revela que o processo de produção dos exames nacionais é altamente secreto: apenas cerca de 10 pessoas têm conhecimento do enunciado final e estão proibidos de levar o telemóvel para o local do IAVE (Instituto de Avaliação Educativa) em que é preparada a prova. São preparados três enunciados distintos para cada disciplina e ninguém sabe qual vai ser distribuído no dia da prova.

Até ao dia do exame, os exames são guardados em cofres da PSP e da GNR, depois de serem impressos pelo Ministério da Educação. No dia da prova, são transportados sob escolta policial para as escolas. Ainda assim, apesar de todas estas medidas de segurança, a verdade é que a informação sobre o conteúdo do exame acabou por ser transmitida a um grande conjunto de alunos.

O Ministério da Educação já veio, entretanto, garantir que o exame não vai ser anulado nem repetido. No entanto, caso seja confirmada a fuga de informação, os alunos que tenham sido beneficiados irão ser penalizados, assim como a pessoa que divulgou a informação, revelava na altura o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

Ministro da Educação garante que exame de português do 12.º ano não vai ser anulado

Na altura, foi o professor Miguel Bagorro, docente da escola secundária Luísa de Gusmão, em Lisboa, que denunciou a gravação ao Ministério da Educação. Apenas fez a denúncia depois do exame, quando confirmou que o conteúdo da gravação correspondia efetivamente ao conteúdo do exame — isto porque todos os anos há circulação de boatos sobre os conteúdos dos exames. O IAVE encaminhou depois a denúncia para a Inspeção Geral de Educação e Ciência e para o Ministério Público.