De toda a emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera registada desde 1988 até agora, 71% dela é da responsabilidade de apenas 100 empresas. Isso equivale à libertação de 923 mil milhões de toneladas de gases com base em carbono e metano, todos eles com origem em produtores de combustíveis fósseis. Estas são revelações feitas num estudo da Carbon Disclosure Project (CDP), uma organização não-governamental dedicada à proteção da natureza.

O mesmo estudo avança ainda que esta quantidade de gases poluentes lançados para a atmosfera corresponde a mais de metade de toda a emissão de gases com efeitos de estufa provocado pelo humano desde 1751, ano do início da Revolução Industrial. E só entre 1988, quando foi criado oPainel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, e 2015, apenas 25 entidades corporativas ou governamentais foram responsáveis por mais de metade de todas as emissões de gases poluentes no ramo da indústria dentro desse período de tempo.

O maior emissor de gases poluentes é a indústria de carvão da China. Em segundo lugar surge a Saudi Aramco, a companhia petrolífera estatal saudita e a a empresa deste ramo com a maior reserva de petróleo do mundo. Em terceiro lugar aparece a companhia de energia Gazprom, a maior empresa da Rússia e a maior exportadora de gás natural do mundo. Da lista fazem ainda parte empresas tão sonantes como a ExxonMobil (Estados Unidos), Shell (Holanda), BP (Reino Unido) e Chevron (Estados Unidos). Este é o primeiro estudo que organiza os principais emissores de gases com efeito de estufa em função da empresa e não em função do país emissor.

Por detrás do estudo está uma estratégia muito mais complexa do que apontar dedos às companhias, garante a própria CDP: é dar uma nova perspetiva ao Acordo de Paris, de onde os Estados Unidos saíram recentemente, e apelar à responsabilidade social das empresas ao invés de colocar todas as medidas nas mãos da política. “A ação climática já não se limita à direção dada pelos decisores políticos, é agora um movimento social, comandado por imperativos económicos e éticos e apoiado por quantidades crescentes de dados”, lê-se no relatório.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR