Tocar ao vivo, na íntegra e em primeira mão, um álbum que nunca ninguém ouviu, tinha tudo para não correr bem. Misfit só sai em janeiro de 2018 e foi apresentado esta noite, num espetáculo para muito poucos. Merecias mais, Tigerman.

Poucos e distraídos, nos momentos mais “silenciosos” era mais o som da converseta do que da música. À fraca atenção há que juntar a multidão que assistia ao upgrade dos Capitão Fausto para o palco principal e à torrente humana que aí se juntava para ver os Red Hot Chili Peppers. Merecias mais, Tigerman.

Esta apresentação tinha à cabeça, inevitavelmente, uma pergunta: Misfit é ou não é um bom álbum? A resposta é curta e clara: se soa assim ao vivo, só pode ser bom. Em janeiro haveremos de tirar as teimas, mas a viagem que nos trouxeram esta noite teve mesmo sabor a estrada feita, a textura do deserto está lá, gravada nos instrumentais rudes e poderosos, no velho rock’n’roll gritado que Paulo Furtado insiste em dizer que é novo.

The Legendary Tigerman revela novo álbum “Misfit” no SBSR

The Legendary Tigerman é um animal de palco, desajustado (“Misfit”!) e destravado. Mandou a malta “acasalar atrás de uma barraca, nos corredores [do pavilhão de Portugal], dos riachos que há por aí [?], ou junto aos vulcões”. Na verdade podia ter dito o que quisesse, tocou (tocaram) bem que se fartou e deu o litro para os poucos que sobravam.

Cantou “21th Century Rock” — a última de um disco com “um alinhamento bonito”, palavras dele — aos berros até lhe faltar o ar e com ganas de engolir o microfone. Desajustado? Em Misfit o homem foi ao fim do mundo e voltou e esta noite teve a sabedoria de atirar a dose certa de carne aos cães. Queriam rock? Tivessem vindo. Mic drop, adeus.

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