Choros, cabeças baixas, desânimo generalizado depois de o Benfica ter perdido pela segunda vez consecutiva a final da Liga Europa com uma equipa… espanhola.
Em 2010, a Espanha eliminou Portugal do Campeonato do Mundo. Em 2012, fizeram o mesmo no Europeu. No mesmo ano, o Barcelona roubou ao Porto a Super Taça Europeia no Mónaco. Caso para rogar umas pragas aos nossos vizinhos?
Talvez não seja necessário. Até porque a vida não acaba no futebol. Fora das quatro linhas, há muitas áreas onde os espanhóis não nos vencem.
A cidade mais “cool” da Europa
Lisboa foi em 2013 a cidade mais “cool” da Europa. Lisboa e não Madrid. A autora do texto que elevou, no site da CNN, Lisboa a essa categoria começa por comparar a capital portuguesa e Madrid num dos atributos que, na sua opinião, tornam uma cidade “cool” – a vida noturna. Segundo Fiona Dunlop, a noite de Lisboa dura mais tempo do que a noite madrilena, chegando ao fim quando “o sol nasce sobre o rio Tejo”. As ruas pombalinas, as paredes de azulejo, os museus, o design, a comida e as praias a poucos quilómetros da cidade são outras das características diferenciadoras.
Café ímpar
O bloguer do jornal espanhol El País Paco Nadal escreveu em 2011 que só conhecia dois países do mundo onde se pode beber um café expresso perfeito: Portugal e Itália. Na entrada do blogue – “Porque é que o café sabe sempre bem em Portugal e aqui (Espanha) não?” – Paco Nadal considera que o café espanhol é um “líquido escuro sem creme ou cheiro” e que o pior café do mundo é o norte-americano. Em Portugal, escreve, quer estejamos “num café luxuoso do Chiado ou num lugar rural no meio do Alentejo, o café é servido como deve ser: numa chávena estreita e alta, com a quantidade certa de creme, acidez, e cheira a café e não a café queimado”.
Arquitetura premiada
Portugal conta com dois arquitetos na lista dos galardoados com o Prémio Pritzker, muitas vezes conhecido como o Nobel da arquitetura. Álvaro Siza Vieira ganhou o prémio em 1992 e Eduardo de Souto Moura em 2011. Há apenas um espanhol entre os melhores arquitetos do mundo. Trata-se de Rafael Moneo, distinguido em 1992.
Melhores na educação
A média de resultados dos alunos portugueses é superior à dos alunos espanhóis na última edição dos testes PISA, um estudo da OCDE que avalia as capacidades dos estudantes de 15 anos nas áreas da matemática, ciências e leitura. Portugal fica à frente na matemática e na leitura e atrás nas ciências.
Democracia mais cedo
Depois do 25 de abril de 1974, Portugal entrou num período de transição democrática que ficou completo com as eleições de 1976 que elegeram Ramalho Eanes como presidente da República e Mário Soares como primeiro-ministro. Em Espanha é mais difícil definir quando terminou essa transição, apontando-se, geralmente, duas datas: dezembro de 1978, quando entrou em vigor a nova Constituição e outubro de 1982, quando o PSOE venceu as eleições com maioria absoluta. Seja como for, a democracia chegou a Espanha depois de ter chegado a Portugal e alguns teóricos estudiosos das democracias, como Samuel Huntington defendem que a revolução dos cravos deu origem a uma terceira vaga de democratizações que se alastrou ao sul da Europa, à América Latina e, depois do colapso da União Soviética, aos países da Europa de Leste.
São tudo razões para sorrir. Já pode levantar a cabeça, mas ainda assim é melhor preparar-se. Até porque vem já aí o Mundial do Brasil.