O presidente do Banco BIC Português, Luís Mira Amaral, admitiu hoje vir a avaliar a compra de redes ou carteiras de ativos de bancos estrangeiros interessados em desinvestir no retalho em Portugal, como por exemplo o Barclays ou o BBVA.
“Nós estamos proibidos, durante cinco anos, e já passaram dois anos [desde a compra ao Estado do Banco Português de Negócios (BPN)], de comprar outro banco ou outro operador em Portugal. Não sei se, nesse caso, isso seria possível ou não. Não estudei isso, até porque não nos foi proposto nada”, afirmou aos jornalistas o gestor.
“Mas, em todo o caso, admito avaliar, se nos for feita uma proposta dessas”, acrescentou, à margem da cerimónia de assinatura de um protocolo relativo a serviços mínimos bancários, no Ministério da Economia, em Lisboa. Isto, depois de questionado sobre um eventual interesse do BIC nas redes ou carteiras de ativos em Portugal de bancos como o britânico Barclays ou o espanhol BBVA.
Certo é que, segundo Mira Amaral, até ao momento “não há nenhuma ação de acordo específico com este ou aquele banco”. Já a aposta na expansão da rede de agências faz parte da estratégia do banco de capitais luso-angolanos. “O BIC Português tem ainda algum plano de expansão. Nós queremos abrir mais alguns balcões em sítios em que não estamos ainda ou queremos deslocalizar balcões de sítios que têm menos visibilidade para sítios com maior visibilidade”, revelou o banqueiro.
“Nesse contexto, temos aproveitado balcões que são desafetados pelos nossos concorrentes bancários”, assinalou, apontando para os recentes exemplos no Porto e em Angra do Heroísmo. “Qualquer banco que liberte um balcão nós podemos, nestas coordenadas, estar interessados. Mas não fizemos nenhuma proposta ao BBVA”, reforçou. Quanto a um eventual interesse na rede do Barclays em Portugal, Mira Amaral apontou para “exatamente a mesma lógica” relativa à questão do BBVA.
“Se houver balcões do Barclays que nos interessem, nós estamos disponíveis para ver esses balcões. Já tem acontecido noutros casos”, referiu. Em meados de maio, a imprensa espanhola avançou que o BBVA vai sair de Portugal na sequência de três anos de prejuízos que somaram 133 milhões de euros até setembro passado.
De acordo com o jornal, que cita fontes próximas do processo, o banco está à procura de um comprador para o negócio em Portugal, onde está presente há 23 anos. A decisão, refere o jornal, foi tomada devido à falta de rentabilidade do negócio em Portugal e vai afetar 83 balcões. A saída do BBVA de Portugal coincide com a do banco britânico Barclays, que tinha anunciado, uma semana antes, ter deixado de considerar a operação em Portugal estratégica.