“Com um simples vestido preto, eu nunca me comprometo”. A frase é de Ivone Silva e ficou famosa entre as mulheres portuguesas – mas em todo o mundo o vestido preto tem sido desde sempre símbolo de elegância e sensualidade. Tal sensualidade pode, contudo, vir a ser posta em causa, devido à invenção de um novo preto que é mais escuro do que algum preto jamais feito.

Cientistas britânicos desenvolveram um novo material de tal forma preto que absorve toda a luz exceto 0,035%, o que significa que, quando olhado por humanos, as formas e os contornos se tornam indistinguíveis – o mesmo se aplicando a vestidos, caso algum dia fosse dada uma tintura deste novo tipo de preto a um. Mas é pouco provável que tal aconteça.

A empresa responsável pelo novo tipo de preto, a Surrey NanoSystems, afirma que potenciais usos deste material passam por calibrar câmaras astronómicas, telescópios e sistemas de infravermelhos, que se podem tornar mais eficazes, além de possíveis utilizações militares não especificadas.

O material, chamado Vantablack, foi criado a partir de nanotubos de carbono (10 mil vezes mais finos do que um cabelo humano) em folhas de alumínio. Estas folhas são facilmente amachucáveis, criando muitas saliências e um efeito de pequenos montes. Mas com o Vantablack é impossível distinguir as saliências. “Estamos à espera de ver os montes e tudo o que conseguimos ver é o preto. Como um buraco, não está lá nada. É muito estranho”, admite Ben Jensen, técnico da empresa, ouvido pelo Independent.

Segundo este responsável, o desenvolvimento deste novo material demorou dois anos desde os primeiros testes até à aplicação em folhas de alumínio. A Surrey NanoSystems está neste momento a “aumentar a sua produção para ir ao encontro dos pedidos dos clientes nos setores da defesa e do espaço”, afirma Ben Jensen. Segundo ele, fazer um vestido deste material seria “muito caro”, não querendo, no entanto, especificar os custos envolvidos na produção.

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