Estudar o altruísmo é uma tarefa tão complicada como tentar compreender a felicidade. Um grupo de cientistas italianos pôs à prova as competências sociais de um grupo de jovens adultos através de um exercício de realidade virtual. A realidade é difícil de simular, mas esta análise aponta um caminho interessante: ao que parece, não somos tão egoístas quanto se possa à partida pensar.

O estudo que vai ser publicado na edição de setembro da NeuroImage pretendeu avaliar as reações de 43 participantes expostos a situações limite e assim distinguir entre o comportamento altruísta e a auto-defesa. Os participantes foram “colocados” (virtualmente, com óculos 3D), sem aviso prévio, num edifício em chamas e confrontados com a decisão de fugir ou de ajudar um homem preso nos destroços do incêndio. Para aumentar o realismo da simulação, foram acrescentados elementos tais como fumo e sons.

Foram então analisadas as imagens funcionais das diferentes partes do cérebro, bem como as respetivas relações entre as partes primitivas e o córtex. Este foi o primeiro estudo a tentar medir cientificamente os processos de decisão em situação limite, e mais um passo para a compreensão do comportamento social. Os resultados foram animadores: 16 participantes perderam o medo e tentaram salvar o homem preso na sala em chamas, pondo-se a si próprios em risco.

Resta saber se a resposta durante um exercício de realidade virtual pode ser extrapolada para a realidade, onde há calor e cheiros e gritos e sobretudo a noção da realidade. O nosso instinto primário priveligia a sobrevivência individual, foi o nosso desenvolvimento enquanto espécie social que terá alterado os nossos padrões de relacionamento. Uma capacidade que não é única da espécie humana: outros animais defendem as suas crias pondo em risco, se for preciso, a sua própria vida.

 

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