Olhar para os grupos terroristas do ponto de vista organizacional. Foi este o ponto de partida de uma entrevista realizada por uma jornalista da Harvard Business Review a Jacob Shapiro, professor na Universidade de Princeton e ex-oficial da Marinha que escreveu um livro sobre o tema em 2013. O livro, intitulado The Terrorist’s Dilemma: Managing Violent Covert Organizations, explica que os grupos terroristas são estruturas bastante burocráticas e que esse elevado grau de burocracia existe para evitar dissidências ideológicas.

“A burocracia é utilizada para garantir que todos os membros do grupo seguem a mesma linha ideológica e evitar dissidências. Como qualquer outra organização, os grupos terroristas também têm dissidentes e membros descontentes. E os líderes tentam exercer influência para que as pessoas ajam de uma maneira particular através da criação de procedimentos operacionais padrão e certificando-se que os mesmos são seguidos e cumpridos”, explicou o autor.

“Aquilo que fundamentalmente torna as organizações terroristas muito semelhantes às empresas é o facto de não existirem planos de carreira bem definidos. O que existe dentro dos grupos terroristas é um grande volume de negócios. Os grupos que se sustentam ao longo do tempo e que se tornam uma ameaça são aqueles que têm negócios de baixo custo, planos de sucessão coerentes e tudo aquilo que seria necessário para a sustentação de um negócio com um grande nível de faturação”, explica.

“É esse o segredo para o ‘sucesso’ do Estado Islâmico?”, questiona a jornalista. Em termos organizacionais, há algo no grupo jihadista que é “notável”, responde o entrevistado. “Desde a al-Qaeda ao Estado Islâmico, existe uma linha de continuidade no que diz respeito à liderança e à gestão da organização. Se olharmos para os documentos existentes sobre o grupo, datados de entre 2008 e 2010, podemos ver que foram bastante estruturados na maneira como se organizaram. Com o recrutamento, os gastos, os rendimentos, todos os indicadores necessários para acompanhar as economias de escala de uma grande organização. E isso é algo que realmente tem de ser feito quando se tenta organizar um grande número de pessoas para que estas ajam coletivamente”, conclui.

 

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