O Opart, organismo que gere o Teatro São Carlos, pediu a Paolo Pinamonti uma reunião a fim de esclarecer, até ao final desta semana, se o consultor artístico tem condições para continuar no cargo. Apesar de o contrato estar feito com o Opart, Pinamonti solicitou a rescisão do contrato esta terça-feira diretamente à secretaria de Estado da Cultura, alegando incompatibilidades com o cargo de diretor do Teatro de La Zarzuela à luz da lei espanhola.
“Na sequência das notícias hoje [quarta-feira] publicadas, o Conselho de Administração do OPART, E.P.E enviou ao Senhor Dr. Paolo Pinamonti um pedido de reunião para, até ao final da semana, ser esclarecido se tem ou não, do ponto de vista das incompatibilidades ou indisponibilidades, condições para continuar a desempenhar o seu cargo de consultor artístico do Teatro Nacional de São Carlos”, afirmou ao Observador, em declarações por email, José António Falcão, presidente do Opart.
Pinamonti ocupa na capital espanhola, Madrid, o cargo de diretor do Teatro de La Zarzuela, desde setembro de 2011. A rádio espanhola Cadena Ser cita o Instituto Nacional das Artes Cénicas e da Música para explicar que o problema estava na relação contratual com que Pinamonti fazia consultoria artística para o teatro português, e que iria contra a Lei de Incompatibilidade de Espanha.
O Instituto comunicou a Pinamonti, na semana passada, “a necessidade de deixar sem efeito este recente contrato com o Teatro São Carlos e procurar novas fórmulas de colaboração com a dita entidade compatíveis com a legislação espanhola”. O diretor do La Zarzuela optou por demitir-se do cargo que ocupava em Lisboa desde 1 de janeiro.
Na quarta-feira, a secretaria de Barreto Xavier enviou um comunicado às redações onde dava conta do pedido de rescisão de Pinamonti. No entanto, não adiantava os motivos invocados.
Paolo Pinamonti já tinha sido diretor artístico do São Carlos entre 2001 e 2007. Regressou a 1 de janeiro de 2014 como consultor artístico, a convite de Barreto Xavier. Por essas funções, recebeu 8.100 euros em abril, a recibo verde, e assinou contrato em 5 novembro, que lhe garantia 32.400 euros por ano até 2016.