A Soares da Costa em Moçambique vai faturar mais de cem milhões de euros em 2014, o melhor ano de sempre no país, que representa 20% do volume de negócios da construtora, disse à Lusa o administrador da empresa em Maputo.
Segundo Rui Carrito, a faturação da construtora em Moçambique deverá crescer 20% em relação a 2013, graças ao peso dos megaprojetos da brasileira Vale, no carvão, e da norte-americana Anadarko, no gás, que juntas representam 45% do total.
“São os grandes projetos que fazem a faturação da empresa sair da mediania que tínhamos há quatro ou cinco anos de 15 milhões de euros por ano para um pouco mais de cem milhões de euros em 2014, que vai ser o melhor de sempre em Moçambique e muito ancorado nos clientes Vale e Anadarko”, afirmou.
Moçambique é o segundo mercado mais importante para a construtora, atrás do angolano. “Enquanto aqui aumentámos o nosso nível de faturação, nos outros mercados importantes, Portugal e Angola, infelizmente diminuímos.”
Para a Vale, a Soares da Costa participa na construção da linha de ferro no norte do país, assegurando 40 pontes ao longo de 500 quilómetros de obra, e está também a erguer 50 edifícios para a mineradora brasileira no porto de Nacala Velha, província de Nampula, onde chegará o carvão proveniente de Moatize, em Tete.
O outro grande cliente, a Anadarko, encomendou por seu lado estradas, caminhos rurais e plataformas de apoio às pesquisas “onshore” que a petrolífera norte-americana está a realizar em Cabo Delgado, onde lidera um dos principais blocos de exploração de gás natural na bacia do Rovuma,
“Infelizmente em 2015 não contamos com a mesma influência desses dois clientes, porque o grande projeto de caminho de ferro da Vale está a caminhar para o fim e nos grandes projetos da Anadarko existem ainda algumas reservas sobre quando poderão arrancar”, afirmou Rui Carrito.
“Enquanto o ano de 2014 foi muito fundado nas infraestruturas, o de 2015 será na construção civil”, declarou o representante da Soares da Costa em Moçambique, esperando que as encomendas de obras públicas do Estado e de empresas moçambicanas mantenham ou superem o recorde de faturação esperado este ano.
Além dos projetos para a Vale e para a Anadarko, a empresa desenvolve dezenas de obras em todo o país, destacando-se sete pontes nas províncias de Manica e Sofala, 200 quilómetros de uma estrada em Gaza, dois edifícios para o Banco de Moçambique, outro para o Ministério da Justiça, além de dois hospitais distritais, 50 casas para a Hidroelétrica de Cahora Bassa, no Songo (Tete) e a reconstrução da estação central de caminho de ferro de Maputo.
Com o mercado português parado, a Soares da Costa iniciou em 2011 uma estratégia de aposta nos mercados que já conhecia e Moçambique, onde está presente há 33 anos, foi um deles.
“Não é uma árvore das patacas nem será”, afirmou Rui Carrito, considerando que o país enfrenta ainda “problemas logísticos incríveis” e “infraestruturas muito débeis”. Tem um futuro que permite ser encarado com otimismo mas também com realismo, considerou.
A aposta nos mercados africanos foi também reforçada este ano com a chegada do novo dono da empresa, o angolano António Mosquito, e a estratégia passa agora por “alargar o espetro de influência a partir de Angola e de Moçambique aos países limítrofes, nomeadamente Tanzânia e Zâmbia”.
A Soares da Costa tenciona também manter a política de parcerias com outras empresas quando elas acrescentam mais-valia, porque prefere ter metade de um negócio do que nada, do mesmo modo que intensifica a sua “matriz africana”, através da contratação de mão de obra local para os seus quadros – mil pessoas este ano, mais 300 do que no ano passado e das quais menos de cem são expatriados.
“Fazemos um esforço muito grande para ter cada vez mais quadros moçambicanos e menos expatriados”, afirma Rui Carrito. “Não só porque é exigido por lei, mas porque entendemos que temos de desenvolver o país.”