Os técnicos de diagnóstico e terapêutica que hoje se concentraram em Lisboa em defesa da carreira aprovaram a realização de uma greve por tempo indeterminado, caso o Governo persista em ignorar as suas pretensões. Os profissionais estão hoje a cumprir o primeiro de dois dias de greve e algumas centenas manifestaram-se em frente do Ministério da Saúde a exigir a revisão da carreira, tendo apoiado uma proposta sindical de marcar em breve uma greve por tempo indeterminado, caso o Governo continue a não satisfazer as pretensões dos trabalhadores.

Almerindo Rego, presidente do Sindicato dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica (STSS) explicou à Lusa que os técnicos são os únicos licenciados do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que não estão colocados numa carreira compatível com a licenciatura, já que desde 1999 que a lei está desatualizada. “Associado a isto há todo um processo de precarização e de desregulação do trabalho. Estimamos que mais de 50 por cento dos técnicos que trabalham no SNS não tenham regulamentação coletiva de trabalho, o que permite as mais variadas arbitrariedades”, acrescentou.

Almerindo Rego disse à Lusa que o Governo estabeleceu “como imperativo” a revisão da carreira até final de 2014 mas que em julho o Ministério da Saúde “bloqueou as negociações”. E hoje, acrescentou, voltou a “lançar uma provocação”, ao publicar um diploma com incidência nos cuidados de saúde primários, que vai afetar cerca de 2.000 profissionais, os quais pretende transferir para a gestão das autarquias.

“Isto é o descalabro do SNS. Trabalhamos integrados em equipas de saúde, atirar os técnicos de saúde para a gestão autárquica é retirar do SNS o poder de organizar os seus cuidados de saúde”, alertou o sindicalista, considerando que o Governo tem de explicar o que o leva a tratar da pior forma as áreas mais lucrativas da área da saúde. Na ótica do sindicalista, o que o executivo pretende é privatizar “a área mais lucrativa do SNS” e a rede de cuidados de saúde primários vai ficar com isso “mais desarticulada”.

Com cartazes com palavras como “desvalorização salarial”, “desmotivação” ou “negociações já” os manifestantes não pararam de gritar palavras de ordem como “Paulo Macedo qual é o teu medo?” ou “Carreiras já”, apoiando o sindicato com um “sim” unânime quando foi feita a proposta de uma greve por tempo indeterminado, que a acontecer será a segunda na profissão, a primeira em 1977. Almerindo Rego disse à Lusa que vai tentar mais uma vez desbloquear o diálogo com o Ministério da Saúde e caso não seja possível a greve será marcada.

Em frente do Ministério os manifestantes não pararam de se queixar, tocar buzinas e apitos e gritar palavras de ordem. “Cada vez temos mais trabalho e cada vez somos menos nos hospitais e centros de saúde. Trabalho 40 horas e só recebo 35, são anos e anos de uma carreira congelada, não vejo futuro nenhum”, queixou-se um técnico, de Gaia, à Lusa, com outra a prometer que não deixará de se manifestar enquanto não houver uma renegociação da carreira há muito prometida.

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