Cerca de duas centenas de pessoas, oriundas da ilha da Culatra, no concelho de Faro, manifestaram-se esta manhã em frente à Assembleia da República, em Lisboa, contra as demolições na Ria Formosa.
Os manifestantes vestiram t-shirts pretas com a frase “je suis ilhéu” (eu sou ilhéu) e envergaram cartazes contestando o programa Polis: “não vou permitir que destruam o que os meus pais construíram”, “as casas foram construídas durante o dia e com o conhecimento das autoridades”, “47 milhões para destruir as nossas casas”.
Os manifestantes gritaram palavras de ordem como “a luta continua, Polis para a rua”.
Na frente da manifestação estava uma faixa, onde se podia ler: “nós jovens culatrenses, não deixamos que nos façam a nós o que o Salazar não fez aos nossos avós”.
O processo de renaturalização da Ria Formosa, lançado pelo ministério do Ambiente, através do programa Polis, prevê a demolição de um total de 800 construções nos núcleos urbanos das ilhas-barreira, a maioria nos concelhos de Faro e Olhão.
Os trabalhos começaram em dezembro, no ilhote dos Ramalhetes e no ilhote de Cobra, e deverão prolongar-se até ao verão, segundo o calendário anunciado inicialmente pela Polis.
O Programa Polis Litoral da Ria Formosa é o instrumento financeiro para a execução do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura – Vila Real de Santo António, aprovado em 2005.
A Ilha da Culatra, de acordo com informação disponível no site da Câmara Municipal de Faro, tem cerca de 750 habitantes. O acesso à ilha faz-se apenas por barco, existindo ligações a partir de Olhão e de Faro.