O programa do concerto, no dia 03 de abril, às 22h00, no Cine Teatro Mouzinho da Silveira, tem “um repertório solístico, explorando as sonoridades mais emblemáticas da paisagem sonora da cultura portuguesa, sendo o guitolão sublimado pela grandeza das texturas orquestrais”, adiantou à Lusa fonte da produção. António Eustáquio e a Camerata Lusitana vão interpretar, de Joseph Haydn, “As sete últimas palavras de Jesus Cristo na cruz”, de Wolfgang A. Mozart, “Divertimento III”, e, do próprio Eustáquio, a “Suite das Folhas”.

O guitolão é um instrumento idealizado por Carlos Paredes, que o construtor de instrumentos Gilberto Grácio concretizou, tendo sido apresentado pela primeira vez em 2005. Numa entrevista à Lusa, Gilberto Grácio apresentou o novo instrumento como “uma evolução da tradicional guitarra portuguesa, com uma sonoridade mais ampla”. Em todo o mundo existem apenas três exemplares, segundo o construtor.

António Eustáquio considera que o Guitolão não é um instrumento idealizado para o acompanhamento do fado. A sua principal característica é ter uma grande extensão tímbrica, o que se significa que dele se podem extrair notas muito graves mas também agudas, o que abre a possibilidade para o desenvolvimento de um repertório novo. Os seja, de um repertório clássico, com transcrições de música erudita, como agora vai acontecer em Castelo de Vide.

A Camerata Lusitana é dirigida pelo concertino Antônio Miranda, sendo constituída pelos primeiros violinos Otto Pereira, André Pereira e Oksana Kurtash; como segundos violinos conta com Vasco Broco, Fernando Sá, Ângela Pereira e Ana Maia; como violetistas, com Raquel Massadas e Alice Neves; por violoncelistas, Marco Pereira e Nuno Abreu e, como contrabaixista, Artur Senhor.

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O músico e compositor António Eustáquio gravou recentemente um novo trabalho discográfico com o guitolão, desta feita, em colaboração com o contrabaixista Carlos Barretto. Este novo álbum tem “lançamento previsto para o próximo mês de maio”, disse fonte da sua produtora.

António Eustáquio nasceu em Portalegre, frequentou o Conservatório Regional de Castelo Branco, estudou Música Antiga, em Paris, com Henri Agnel e, no serviço militar, fez parte da Orquestra Ligeira do Exército. Eustáquio fez parte da Orquestra da Felicidade e do Conservatório Regional de Música de Portalegre, no qual exerceu o cargo de presidente da direção. É um dos fundadores do Quarteto do Sol, com o qual gravou um CD, e fundou o quarteto com guitarra portuguesa Sons do Tempo. A “Suite das Folhas” foi composta originalmente para esta formação, com a qual gravou um CD e com quem participou no 1.º Festival da Guitarra Portuguesa, em Portalegre, que organizou.

O músico fundou também a Camerata Lusitana, conjunto instrumental que propõe a utilização da guitarra portuguesa na execução de repertório de música do período barroco, com a qual gravou dois CD. Atualmente trabalha no denominado “Projeto Guitolão”, e faz duo com o contrabaixista Carlos Barretto. Entre outros, participou, no Festival de Música Mediterrânica na Córsega, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, no de Música da Bulgária, com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras.

Também neste dia, no ‘foyer’ do teatro, é inaugurada uma exposição de pintura intitulada “Suite das Folhas”, de Ana Laranjo. “Esta exposição faz a articulação com as obras a executar no concerto em Guitolão e Orquestra, sendo constituída por sete quadros, tal como os sete movimentos da suite”, disse fonte da produtora do músico.