A greve dos revisores da CP obrigou esta quinta-feira à paragem da maioria dos comboios, tendo circulado apenas 21 dos 262 programados até às 08h00, disse uma fonte da empresa, salientando que a maioria são Alfa Pendular e Intercidades. A adesão à greve desta quinta-feira dos revisores da CP, para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996, aproxima-se dos 100%, disse à agência Lusa uma fonte sindical.

“Todos os trabalhadores afetos ao serviço de comboios referentes ao turno que começou às 23:00 e terminou às 08:00 estão com uma adesão de 100%. Há, sim, alguns trabalhadores que não são associados do sindicato que estão a fazer alguns comboios de longo curso””, disse à Lusa o presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial Itinerante.

De acordo com Luís Bravo, este nível de adesão demonstra o forte descontentamento dos trabalhadores.

“A greve está a ter uma adesão muito forte, numa clara demonstração do grande descontentamento que os trabalhadores têm face à decisão da empresa após nove meses de negociação de não ter culminado com um acordo que visasse devolver aos trabalhadores a divida que estava confirmada pelos tribunais”, explicou.

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“Foram realizados 21 comboios em 262 programados a nível nacional. Destes 21, dez são comboios de longo curso (Alfa Pendular e Intercidades). Depois, temos seis urbanos em Lisboa e dois no Porto, o que é muito pouco”, adiantou à agência Lusa porta-voz da CP – Comboios de Portugal, Ana Portela.

De acordo com a responsável, a CP está a conseguir, com muito esforço, porque não foram decretados serviços mínimos, os Intercidades e os Alfa Pendulares.

Ana Portela disse que esta greve vai afetar fortemente os passageiros da CP que se deslocam de comboio na época da Páscoa.

“Lembro que a CP transportou no ano passado 1,1 milhões passageiros nos cinco dias (período de miniférias da Páscoa). Tivemos os comboios sempre na capacidade máxima, nomeadamente os de longo curso. Para termos alternativa à greve, agora, precisaríamos de mais de 20 mil autocarros. É inconcebível”, exclamou.

Os revisores CP agendaram uma greve de quatro dias (2, 3, 5 e 6 de abril) para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996.

A esta paralisação vem juntar-se a greve ao trabalho em dia feriado convocada pela Federação do Sindicato dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) para os dias 3 e 5 (sexta-feira Santa e domingo de Páscoa).

Em declarações à Lusa esta quinta-feira de manhã, o presidente do presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial Itinerante, Luís Bravo, disse que a adesão à greve dos revisores da CP, para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996, ronda os 100% nos turnos entre as 23h00 e as 08h00.

Na sequência das greves, a circulação deverá começar a ser afetada, devendo os atrasos e supressões prolongar-se até terça-feira (7 de abril) de manhã.

Os revisores CP agendaram uma greve de dois dias para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996.

O presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, explicou à Lusa na quarta-feira que a CP foi condenada, em várias instâncias, a restituir os complementos que não foram pagos aos trabalhadores no subsídio de férias desde 1996 e no subsídio de Natal entre 1996 e 2003, estimando uma dívida de cerca de dez milhões de euros aos revisores e trabalhadores das bilheteiras.

Sem possibilidade de recurso, a CP e os representantes dos trabalhadores sentaram-se à mesa para chegar a uma acordo “para a empresa pagar essa dívida de forma gradual” e, em reunião a 18 de março, os representantes do SFRCI foram informados de que a proposta de acordo ainda não tinha sido enviada à tutela, o Ministério da Economia.

“Nesse mesmo dia, decidimos quebrar a paz social, no período da Páscoa, com dois dias de greve, porque nestes nove meses de negociação, a administração criou a legítima expectativa de que os trabalhadores iriam ser ressarcidos e pensávamos que a empresa estava a proceder de boa-fé”, explicou à Lusa Luís Bravo, acrescentando que “o sindicato tentou tudo para evitar esta greve”.