“Portugal está a demonstrar que a nossa abordagem pode funcionar”, defende Klaus Regling. Numa conferência em Lisboa esta sexta-feira, o presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) diz que “por essa razão, o país está muito perto do meu coração” e dá “parabéns pelos resultados positivos do esforço corajoso de ajustamento”. Mas o responsável assume, contudo, que a Europa devia ter apostado mais em “medidas não orçamentais mais cedo”.
“Fizemos bem em focarmo-nos nos aspetos orçamentais numa fase inicial, mas devíamos ter adicionado mais elementos não orçamentais mais cedo”, reconhece Klaus Regling, numa alusão às reformas estruturais. Essas reformas estão, nesta fase, a ser aplicadas em Portugal e nos outros países que recorreram à ajuda do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, o organismo que foi sucedido pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade.
Klaus Regling falou em Lisboa, esta sexta-feira, num seminário organizado pelo Ministério das Finanças sobre “Governação e Políticas para a Prosperidade na Europa”, onde também esteve, entre outros, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.
conferO presidente do MEE elogia Portugal e, também, o trabalho das autoridades europeias, que “construíram uma firewall [uma proteção] importante que permitiu superar a ameaça que existiu”, referindo-se ao organismo que lidera. Regling elogiou, também, o papel do BCE na resposta à crise e “no cumprimento do seu mandato”, que é o de estimular a inflação para que esta se mantenha próxima de 2%.
“O resultado é uma união monetária que é mais robusta e menos vulnerável” e “os mercados estão a reconhecer isso”. Tanto assim é que “as reações do mercado à incerteza na Grécia têm-se limitado à Grécia”.
Zona euro “já tem um Fundo Monetário Europeu”
Klaus Regling remeteu-se, também, ao repto lançado por Carlos Costa, horas antes, na mesma conferência, para que se crie um Fundo Monetário Europeu. “Já temos organismos equivalentes, a diferença é que dividimos por várias instituições aquilo que o FMI faz sozinho”.
“Esta partilha de responsabilidades tem funcionado de forma razoável nos últimos anos”, diz Klaus Regling, referindo-se à interação entre o MEE, o BCE, a Comissão Europeia e, claro, o FMI.
“Antes de haver uma alteração do Tratado Europeu, não será possível avançar para um Fundo Monetário Internacional”, diz Klaus Regling, admitindo que “no longo prazo, sim, isso pode acontecer”. Regling deu, contudo, razão a Carlos Costa quando este disse que a situação atual leva a “ineficiências” e a divergências de opinião. “Temos de tentar limitar isso”, diz Klaus Regling.