O “Doutor Google” faz parte do dia-a-dia de muitas pessoas na Internet quando necessitam de informações sobre os mais diferentes tipos de doença ou conselhos. No entanto, muitas informações encontradas na rede carecem de precisão científica e contribuem mais para desinformar do que para ajudar na construção de conhecimento. Pensando neste problema, Carmen Escalona e Belén Martí Junco criaram em 2009 a página Charhadas com o objetivo de partilhar experiências de mãe para mãe sobre as diversas etapas do crescimento dos filhos. A página conta com 200 mil utilizadores e cerca de 2 milhões de acessos por mês.
Em entrevista ao jornal El País, Escalona explica que o segredo do sucesso da página está em oferecer conteúdo pessoal sobre o crescimento dos filhos. “Percebemos que havia muita informação sobre o recém-nascido, mas ninguém falava do resto da infância até a adolescência”, afirma.
Este caráter social do Charhadas é representado pela sua estratégia digital. Apesar de vender-se como “a primeira rede social para mães”, a página funciona mais bem como uma plataforma de conteúdos, organizada em fóruns, grupos e blogs geridos pelos próprios utilizadores, além de conteúdos originais publicados na página e na comunidade de quase 400 mil pessoas no Facebook, 10 mil seguidores no Twitter e 16 mil utilizadores no Instagram. “Às vezes, a criatividade feminina se perde na Internet”, justifica Escalona. De fato, o nome Charhada tem origem no espanhol (língua oficial da página), a partir da junção das palavras charlada (conversa) e hadas (fadas).
Alguns exemplos de conteúdo produzidos pela plataforma:
21 Regalos DIY para el Día de la Madre. Muchas manualidades para hacer con niños. ¡Super bonitas! :)
Posted by CharHadas on Lunes, 20 de abril de 2015
#Diabetes en niños pequeños. Un maravilloso testimonio de @elreciennacido #diabetesinfantil http://t.co/fLsHc6RDfq pic.twitter.com/EAf43VlvcI
— CharHadas (@CharHadas) April 18, 2015
Para conquistar um público maior uma equipa de 10 pessoas encarrega-se da produção de artigos sobre diversos temas para além da saúde, como decoração, festas de aniversário, educação, viagem, gastronomia e moda, publicados nos fóruns, blogues, grupos e numa secção em formato de revista. Sobre a gestão dos conteúdos publicados pelos utilizadores, Escalona explica: “As mulheres são capazes de autorregular-se. Se alguém faz um comentário que possa provocar tensão ou polémica, outra responde-lhe sem perder a compostura”, diz.
Para publicar e comentar os artigos, é necessário registar-se – uma maneira de gerar engajamento e “tornar a plataforma um lugar de consulta habitual, não simplesmente uma página para leitura”, defende a criadora.
E como uma plataforma social pode buscar o seu autofinanciamento? Escalona diz que o projeto conta com a venda de alguns espaços publicitários e colaborações editoriais com jornais e revistas espanholas. “Quando uma marca aproxima-se de nós, encarregamo-nos pessoalmente de gerir e produzir o conteúdo promocional, seja através de vídeos ou com eventos”, conta. Ela também diz que o perfil das empresas que buscam o Charhadas identificam-se mais com as mulheres “pelo tipo de imagens que partilham mais próprios de um canal de beleza ou de gastronomia que de um canal infantil”. O registo na plataforma Charhadas é gratuito e a página está disponível apenas em espanhol.