Manuela Ferreira Leite não revela se irá votar na coligação Portugal à Frente (PàF). “É legítimo fazer a pergunta. Mas não quero responder”, respondeu ao semanário Sol. A questão vem no contexto das afirmações da antiga Presidente do PSD e ex-ministra das Finanças à TVI24, onde afirmou que “não há matriz social-democrata no programa da coligação”, e que existe uma grande distância ideológica entre o programa de Passos Coelho e Paulo Portas e as formulações sociais-democráticas. Uma frase mais, depois de alguns anos em que os seus comentários televisivos fizeram furor à esquerda e franzir o sobrolho dos apoiantes do Governo.

Ao longo da presente legislatura, a ex-ministra tem-se vindo a afastar das opções de Passos Coelho, que lhe sucedeu no PSD. Contudo, foi após a apresentação do programa eleitoral do partido social-democrata que Manuela Ferreira Leite declarou que já não se revia nas ideias do partido. A divergência ideológica é sobretudo vincada na “liberdade de escolha” proposta pelo partido em áreas como a Saúde e a Educação, bem como o plafonamento da Segurança Social.

“A liberdade de escolha tem graça nos três ou quatro primeiros anos. Ao fim de 10 anos ficamos com uma qualidade de ensino no privado que é para alguns (os que podem pagar) e no público que é para os que menos podem”, afirmou a ex-ministra sublinhando que perante este desacordo ideológico, não conseguia “ser solidária” com este modelo que pode transformar o Estado num modelo “assistencialista”.

O sigilo sobre o sentido de voto de Ferreira Leite é, de resto, uma reprise: quando foi candidata à liderança do PSD em 2009, a ex-ministra recusou – numa entrevista ao JN – dizer se tinha votado em Santana Lopes nas legislativas de 2005 (de quem tinha sido muito crítica, quando Santana substituiu Barroso um ano antes). O enigma mereceu forte contestação de Santana, mas também de Passos Coelho, que concorreu contra ela – perdendo nessa altura.

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