No estádio dos Barreiros, tal como a bancada situada nas costas de Cissokho, também o lado esquerdo da defesa do FC Porto se apresenta em construção. Saiu Alex Sandro, entraram 26 milhões de euros e ficou à vista, no imediato, um bico de obra. O relógio do encontro ainda não tinha passado pelos cinco minutos quando Edgar Costa, homem invisível daquela abordagem de Cissokho ao lance, se tornou no primeiro jogador a marcar um golo a Iker Casillas no campeonato.
O remate de cabeça do avançado português nascido há 28 anos em Câmara de Lobos roça a perfeição e nada se pode apontar ao guarda-redes espanhol. Quanto a Cissokho, com um tempo de salto embaraçoso, apanhado na curva do cruzamento de Xavier… até Lopetegui levou os dedos indicador e médio à cabeça, abertos sobe o nariz, pedindo outra atenção ao jogo, mandando abrir os olhos com o gesto.
Entre a vantagem do Marítimo e o empate do Porto, reza a história de um terço do jogo que nessa meia hora de intervalo entre um coisa e outra, os da casa controlaram a partida com a estratégia de deixar o Porto com a bola e o Porto sem espaço para levar a bola até à baliza de Salin. A estratégia de Ivo Vieira condicionou a estratégia de Lopetegui até ao momento em que Brahimi sai da direita para esquerda, encosta a sua posição à posição de Silvestre Varela.
Sem perceber de onde vinha a desvantagem no numérica na hora de defender dentro da grande área, o Marítimo dá o flanco e o Porto aproveita. Brahimi coloca a bola em Aboubakar. Aboubakar, à porta da pequena área, recebe para rematar à meia volta, recebe mal, não consegue, mas emenda a recepção com uma assistência improvisada, de cabeça, para Herrera. O médio mexicano apareceu no jogo à hora do golo, aos 34 minutos, e escreveu o empate com o pé que tinha mais à mão, o esquerdo.
O golo, para além da inerente alteração no marcador, garantiu mais vinte minutos em campo a Hector Herrera. O mexicano foi um dos últimos a entrar na pré-temporada portista e tem sido um dos primeiros a ser substituído por Julen Lopetegui. Voltou a dar o lugar a André no momento em que Varela também foi trocado por Cristian Tello. Sem grandes alterações em campo, sem bola no raio de acção dos guarda-redes, em contra-relógio, porque a partir de certa altura o tempo é contado pelos minutos que faltam para o fim, o jogo passou pelos bancos. Ivo Vieira tirou Xavier, o homem do primeiro cruzamento em banana, e mandou Éber Bessa lá para dentro, já depois das mudanças de Lopetegui.
E no meio disso tudo, o fim: tão perto e tão longe, dependendo de quem quer ganhar ou de quem quer manter o empate. Faltavam 13 minutos para o último apito. Atenção a Pablo Osvaldo, preparado para debutar em Portugal. Menos cuidados com Aboubakar, ainda em campo, servido por André, sem nenhum defesa do Marítimo por perto, livra-se da pressão que a bola tem de vez em quando com o pé direito. Em frente, apenas um homem, o guarda-redes Salin, abandonado entre os postes, a tirar do caminho uma derrota anunciada pelo pé direito de Aboubakar.
Para lá dos 90 minutos, nos descontos, Marega assustou Casillas com um remate rasteiro. O Marítimo – FC Porto terminou com um cabeceamento de Maxi Pereira que foi à barra da baliza de Salin e que da barra desceu até à fronteira do golo, sem a ter ultrapassado, segundo o árbitro. O Porto de Lopetegui empata e continua sem ganhar ao Marítimo na Madeira.