No meio está a virtude. E Brahimi.
Cissokho perdeu o comboio dos convocados. Herrera ficou na carruagem dos suplentes. Brahimi saiu da janela do jogo, da ala, e assumiu o papel de maquinista do ataque do FC Porto. Resultado, aos 7 minutos do encontro com o Estoril já o Dragão gritava um golo que saiu todo do futebol interior de Brahimi, sempre em posse, sem descarrilar a bola até a deixar, redonda, no ponta-de-lança de serviço. Aboubakar percebe de golo e percebe de movimento. Recuou no terreno como quem puxa a culatra. Disparou o terceiro golo no campeonato e primeiro na baliza de Kieszek.
No banco do Estoril, o treinador Fabiano Soares percebeu o 4x2x3x1 de Lopetegui, com Brahimi a “10” e Indi no lado esquerdo da defesa. Depois a equipa visitante acalmou e foi à procura do empate. Não o conseguiu porque Diego Carlos respondeu a um pontapé de canto com o joelho, e para onde estava virado, para a bancada, quando Casillas estava à sua mercê, sem ajuda da defesa portista. Apesar de o Porto ter entrado a ganhar bem cedo, o Estoril mostrou capacidade de resposta a essa questão madrugadora. Casillas defendeu um remate de Léo Bonatini, último capítulo de uma jogada colectiva dos canarinhos, com o lado defensivo do dragão a ver passar a bola. O lance fez Lopetegui regressar à casa de partida: tirou Varela, lançou André, e pôs Brahimi outra vez à janela. Tudo isto antes do regresso aos balneários. Tudo isto antes de o Estoril pudesse ter tempo para confirmar com golo a tendência do jogo. Intervalo.
O início da segunda parte confirmou os últimos quinze minutos da primeira, com o Estoril a instalar a mobília, primeiro no meio-campo do Porto, e a espaços na grande área de Iker Casillas. Um remate venenoso, de Bruno César, e outro apontado à lua, de Gerso,deixaram o Dragão a assobiar a exibição azul e branca, aliás, a exibição cinzenta do FC Porto. Lopetegui, em tarde de desassossego no banco, apontou Herrera ao futebol e Imbula ao duche.
Outro médio começava por essa altura a tecer o crescimento em campo do FC Porto. André André, herói discreto, fio condutor, passa curto, passa longo, passa rápido, passa bem, progride, desgasta o adversário, é travado em falta. O capitão Maicon chegou-se à meia-lua, bateu o livre direto, fez, enfim, de uma bola aquilo que a equipa não estava a conseguir fazer com ela em movimento, um golo. E alegria nas bancadas. Ou alívio.
O jogo ficou ainda marcado pela lesão de Anderson Luís. O defesa brasileiro saiu de maca e com colar cervical, depois de uma queda numa disputa de bola.
Minutos finais: os da casa reclamaram um penalti de Gerso e um fora-de-jogo tirado a Herrera, Osvaldo quis mostrar serviço e a certeza de que baliza do Porto no Dragão continua a ser à prova de golos no campeonato.