Na Gare do Oriente podem crescer duas torres, com 93 e 72 metros, uma iniciativa subscrita por Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML). A discussão já está aberta ao público, até 16 de outubro, aprovada pela maioria camarária, apesar dos votos contra do PCP e das abstenções do PSD e do CDS.

Mas houve quem não quisesse participar do debate e da votação, caso do atual vereador do Urbanismo, e a explicação é simples. É que Manuel Salgado, também arquiteto, já tinha desenvolvido um Plano de Pormenor para aquela zona, mas em 2006, quando ainda não tinha o pelouro do Urbanismo. À data, o arquiteto previu uma torre ainda mais alta, com 129 metros de altura, mas o plano acabou por não seguir em frente. Explica fonte do Observador, “a CML decidiu manter a zona “on hold” enquanto era elaborado um estudo para uma área mais vasta”. Estudo esse, da autoria do arquiteto espanhol Joan Busquets. Ao mesmo tempo, o Plano Diretor Municipal (PDM) também era revisto.

Agora, apesar de as novas torres não terem sido desenhadas pela mão do vereador do Urbanismo, Manuel Salgado preferiu não participar no debate e na votação subscrita por Medina.

O projeto agora em causa, um estudo feito em 2014, prevê a construção de um grande empreendimento imobiliário, onde se incluem as tais torres de 93 e 72 metros, (23 e 21 andares respetivamente), e está pensado para ser encaixado a poente da Gare do Oriente, onde hoje está uma loja do Aki e terrenos abandonados. O Observador sabe que o estudo prevê ainda uma “hipotética” terceira torre, com 61 metros, mas que ainda depende da revisão do PDM. Uma solução que também resulta, em parte, do trabalho de Busquets.

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O plano foi pedido pelos proprietários dos terrenos (CML e um particular) e, diz fonte do Observador,  “É um estudo bastante diferente do inicial, já que foi elaborado com base nos pressupostos entretanto definidos pela CML para a zona.” Com o estudo finalizado, e a maioria camária a votar pelo sim, a CML abriu a época de discussão pública.

E o que está atualmente nas mãos dos cidadãos é a delimitação de uma “Unidade de Execução” – semelhante a um Plano Urbanístico simplificado, ou seja, que define genericamente a forma urbana, como limites de lotes e do espaço público, forma dos edifícios, altura ou área de construção. Depois de passar desta fase, isto é, no caso de ser aprovada, o passo seguinte da CML é dar luz verde ao Projeto de Loteamento, altura em que ficarão consagrados os lotes e aquilo que neles se pode construir.

Daqui, parte-se para o licenciamento das obras que, mais uma vez, também ficam sujeitas a aprovação. Depois, é altura dos proprietários do terreno (neste caso, a CML e um particular) submeterem os Projetos de Arquitetura dos edifícios a licenciamento. Se for a proposta for em frente, o objetivo é construir as três torres. Inicialmente Manuel Salgado tinha projetado o tal edifício mais alto, o de 129 metros, para a Turifenus – imobiliária que fazia parte da extinta Sociedade Lusa de Negócios, holding que também detinha o BPN.

Além de um espaço verde, prevê-se que o empreendimento albergue vários serviços: “terciário, indústria, logística, turismo, investigação, equipamentos e habitação.”  Veja a fotogaleria para conhecer um pouco do estudo.