Em novembro de 2014, Jaime Jorge dizia ao Observador que tinha vencido “os Óscares das startups da Europa“. Onze meses depois, a Codacy tem “milhares” de utilizadores em 1814 cidades do mundo e todos os dias “centenas” de pessoas contactam a equipa para participarem na plataforma online de análise de código. Objetivo: encontrar erros de software para ajudar os programadores a trabalharem com mais eficiência.

A vitória da Codacy na Web Summit – o maior evento de empreendedorismo tecnológico da Europa – colocou Lisboa no radar de Paddy Cosgrave, fundador do evento. Tanto que é na capital portuguesa que vai decorrer a edição de 2016, 2017 e 2018 da Web Summit. Desde então, a Codacy gastou “zero dólares” para atrair utilizadores. E Jaime Jorge garante que são “centenas” as pessoas que lhe “batem à porta” todos os dias.

“Estamos presentes em 1814 cidades em todo o mundo, a China a São Francisco”, explica ao Observador. Em quantas estava no ano passado? “Em cerca de 300. Estamos a crescer a nossa base de utilizadores ridiculamente”, acrescentou.

Com uma equipa que cresceu de nove para 15 pessoas – e que trabalha “dia e noite” para falar com clientes -, Jaime Jorge conta que os próximos passos passam por conseguir com que a plataforma cubra todas as linguagens de programação que existem, incluindo Java, e continuar a expandir a imagem do produto.

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Além disso, os fundadores estão a preparar uma versão da plataforma para empresas, que permite analisar a qualidade do trabalho de empresas que trabalham em outsourcing para outras, por exemplo. “Ajudamos a que a empresa perceba o tipo de código que está a receber”, explica.

“É incansável e o que nos une a todos é esta missão grande de sabermos que estamos a ter um impacto real no mundo de desenvolvimento de software. Às vezes, chegamos a melhorar 20% da eficiência das empresas onde entramos. Nalgumas empresas, isso traduz-se em poupanças superiores a 60 mil dólares por ano”, conta Jaime Jorge, 27 anos, e líder da startup.

O pitch de Jaime Jorge em Dublin fez com que a Codacy vencesse o Beta Award – um concurso para startups com investimento superior a um milhão de euros, quando a empresa portuguesa tinha recebido apenas cerca de 400 mil. Mas Jaime Jorge diz que, mesmo que não tivesse vencido o concurso, teria lucrado com a viagem.

Fizemos muitos clientes por causa da Web Summit, porque a nossa missão sempre foi mostrar produto. E isso fez com que tivéssemos um impacto grande em termos de visibilidade“, revela, acrescentando que hoje “é uma batalha dar resposta a todos os pedidos do mercado”.

Para a edição deste ano, que ocorre de 3 a 5 de novembro, a Codacy vai estar presente na Web Summit a convite de Paddy Cosgrave, com a mesma missão do ano passado: mostrar o seu produto ao máximo de pessoas possível.

Conselhos para quem vai a Dublin em novembro

“É preciso gerir bem as expectativas”, diz Jaime Jorge, acrescentando que é um evento “caro” – o bilhete standard custa no mínimo 730 euros – e que é preciso “fazer o trabalho de casa” e ver se compensa o investimento que as empresas fazem.

Mesmo que não tivéssemos ganho o prémio [no valor de 10 mil euros], teria sido lucrativo porque as pessoas que acabaram por comprar o nosso produto fizeram render os custos que tivemos com a viagem“, conta, ressalvando que isso só aconteceu porque fizeram “trabalho de casa”.

E que trabalho é este? Definir objetivos e listar prioridades. Se tiverem um stand, devem tirar o máximo partido da exposição que vão ter nesse stand. “Se forem duas pessoas, por exemplo, uma fica lá e oura vai angariar pessoas”, diz. Mas antes devem fazer uma folha de Excel com todas as pessoas com quem querem falar e procurá-los.

“Outro aspeto importante é ter sempre cartões de negócio prontos – mais de 200 ou 300 preparados para dares. Este mundo não funciona sem cartões de negócio. E depois fazer o ‘follow-up'[dar seguimento] a todos os contactos que se fazem, através de email. Fazer ‘follow-up’ é importantíssimo”, disse.

Por último, comprar viagens e estadias o mais cedo possível para ser mais económico. E ir com a missão estudada. “E ser incansável”, conclui Jaime Jorge.