O senso comum e a experiência, e já agora a Teoria da Relatividade de Einstein, dizem que um objeto só pode ser influenciado pelas coisas que estão na sua proximidade e que a informação não pode ser partilhada a uma velocidade superior à da luz. Mas será que é mesmo assim? Um estudo publicado na Nature discorda, mas já lá vamos.
A investigação em mecânica quântica tem tentado demonstrar que uma mesma partícula pode estar em dois estados ao mesmo tempo e que um estado pode influenciar o outro instantaneamente. Entre as hipóteses de estado A e B, se um for A, o outro será instantaneamente (e obrigatoriamente) B. Estranho, não? Tão estranho que Einstein se recusou a aceitar que fosse possível. “Ações fantasmagóricas à distância”, chamou-lhes o reputado físico, afirmando que tinha de existir uma “variável escondida”.
https://www.youtube.com/watch?v=dKwIWIorVg8&feature=youtu.be
Mas John Bell, em 1964, achava que era impossível existir esta tal “variável escondida” e criou uma experiência – o teste de Bell. Este teste nem sempre resultava, parecia que as partículas conseguiam “fazer batota”. Agora, a equipa de Ronald Hanson, Universidade de Tecnologia Delft (Holanda), conseguiu demonstrar que Einstein estava errado e que a mecânica quântica explica esta situação. Pelo menos é que parecem indicar os resultados publicados na revista Nature.
Dois diamantes, que se esperava que se influenciassem um ao outro, foram colocados a cerca de 1,3 quilómetros. Assim acabava-se com a possibilidade de comunicarem pela proximidade. Depois, um detetor registava todas as vezes em que duas partículas, em dois estados diferentes, se cruzavam uma com a outra. Todas mesmo. E aqui está a grande diferença deste estudo e assim se vence mais uma das falhas de estudos anteriores.
Garantir que o sistema de aquisição de dados funcionava perfeitamente para que não houvesse batota foi muito desafiante, o que fez com que só se conseguisse um resultado válido por hora. Com apenas 245 resultados registados, Howard Wiseman afirma, num comentário ao artigo, que a incerteza estatística é muito grande. Ainda assim as conclusões dos investigadores têm um nível de confiança estatisticamente significativo, afirma o investigador no Centro de Computação Quântica e Tecnologias da Comunicação da Universidade de Griffith (Austrália). “Espera-se que mais dados possam ser gerados em breve.”
Se mesmo assim ainda se sente confuso, veja esta explicação simplificada.
https://www.youtube.com/watch?v=lCfNERMPaFg&feature=youtu.be
“O significado imediato do relatado experiência é como pregar o último prego no caixão do realismo local”, disse Howard Wiseman. “Algumas lacunas permanecem quase metafísicas – se os resultados pudessem ser replicados com os seres humanos, em vez de máquinas, que escolhem livremente as configurações de medição e conscientemente registam os resultados, então o assunto estaria morto e enterrado.” Mas, segundo o investigador, até lá ainda teremos de esperar muitos anos.