A Casa da Música, no Porto, escolheu a Rússia como país temático de 2016, prometendo uma programação com “narrativas transversais, naquela que será a maior mostra de música russa jamais levada a cabo em Portugal”. Na agenda para 2016, o atual diretor artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, escreve que “um dos principais fios condutores” da programação será “um tema historicamente fascinante – atualmente e a vários títulos inquietante – e, claro, musicalmente entusiasmante: a Rússia”.

O diretor avança que serão realizados mais de três dezenas de concertos que envolverão os quatro agrupamentos residentes da Casa Música – a Orquestra Sinfónica do Porto, o Remix Ensemble, a Orquestra Barroca e o Coro -, o Serviço Educativo e “um leque apreciável de reputados músicos convidados”.

A abertura oficial do ‘Ano Rússia’, que simbolicamente terá o nome de “Mãe Rússia”, contará com a participação da Orquestra Sinfónica Casa da Música que, a 15 de janeiro, na Sala Suggia, interpretará a “Sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky, considerada uma das mais marcantes obras orquestrais de todos os tempos, estreada entre protestos, em Paris, em 1913, que revela a influência ainda hoje visível do paganismo na cultura russa.

A Rússia também vai marcar presença no festival Invicta.Música.Filmes, que decorre de 13 a 21 de fevereiro, bem como no Música&Revolução (de 23 de abril a 01 de maio), este ano dedicado aos compositores mais perseguidos pelo regime soviético.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O compositor de origem grega Georges Aperghis – cuja primeira obra de teatro musical “La tragique histoire du nécromancien Hiéronimo et de son miroir” data de 1971, detentor do Prémio Mauricio Kagel (2011), considerado um dos responsáveis pela “reinvenção do teatro musical no Século XX” – será o compositor em residência em 2016

A agenda para o ano de arranque da segunda década da Casa da Música tem reservada, para abril, a estreia em Portugal, na qualidade de compositor, do “multifacetado e inquieto” Gabriel Prokofiev, neto de Sergei Prokofiev.

Em junho – mês em que tem início o programa “Verão na Casa”, que se estende até 10 de setembro – esta instituição portuense recebe a primeira visita do artista em residência, o suíço Heinz Holliger que apresentará em estreia mundial uma encomenda que lhe foi feita pela Casa da Música.

A agenda do “Outono em Jazz”, que tem início a meio de outubro, reserva nomes como Ramsey Lewis Quartet, Billy Cobham Band, Jack DeJohnette, Kurt Elling ou Branford Marsalis e, em novembro, o mês acaba com a Orquestra Sinfónica a interpretar obras de três dos mais significativos compositores russos, Mussorgsky, Borodin e Rimski-Korsakov.

Em 2016, a Casa da Música fecha os ciclos da Integral dos Concertos para Piano de Sergei Rachmaninov e das Sinfonias de Sergei Prokofiev, com concertos ao longo do mês de dezembro, encerrando uma temporada que António Jorge Pacheco diz ser dedicada ao professor, musicólogo e melómano Manuel Dias da Fonseca, ex-vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos, fundador do Quarteto de Cordas de Matosinhos, falecido no passado mês de agosto.

“A música – como qualquer arte – pode ser inútil mas é absolutamente necessária. Tenhamos sempre presente, hoje mais do que nunca, o que Dostoievski dizia: a beleza pode salvar o mundo. Ele sabia do que falava. Porque se há, certamente, falsas necessidades, a beleza não é uma delas”, escreve o diretor artístico da Casa da Música.