Faltam 21 dias e nove horas para que sejam convocadas novas eleições legislativas em Espanha. À meia-noite do dia 3 de maio acaba o prazo constitucional para que os partidos cheguem a um acordo de governo e os espanhóis vão ser chamados às urnas a 26 de junho. Ou seja, seis meses depois das últimas eleições.

Neste momento, um acordo de governo parece altamente improvável. Depois de PSOE e Ciudadanos se terem entendido e de essa solução ter sido chumbada no Congresso, o país mergulhou numa espécie de letargia política. Para o fim desta semana está marcado um referendo interno do Podemos, no qual os apoiantes do partido de Iglesias dirão o que pensam sobre o acordo entre Pedro Sánchez (PSOE) e Albert Rivera (Ciudadanos). Pablo Iglesias é frontalmente contra esse entendimento e espera-se que os militantes do Podemos o acompanhem no chumbo.

Mariano Rajoy tem um truque na manga para depois do referendo, escreve o El Mundo, citando uma fonte do Partido Popular. O ainda chefe do governo deverá oferecer novamente a vice-presidência a Pedro Sánchez, que já uma vez foi recusada. “Ainda que ao PP interesse a repetição de eleições, já que seria o partido mais beneficiado segundo todas as sondagens, Rajoy quer deixar claro que tem uma vontade real de evitá-las”, disse o responsável do partido ao jornal espanhol. Isto é, a ideia é que, caso tudo falhe, os espanhóis fiquem com a sensação de que não foi por culpa de Mariano Rajoy.

Oficialmente, ninguém o confirma. Numa entrevista esta segunda-feira, o responsável pela Justiça desmentiu que Rajoy tenha em mente a oferta de um cargo ao líder socialista, que aliás tem de lidar com contestação dentro do próprio partido. Na quinta-feira passada, quando o Podemos bateu com a porta a mais negociações com o PSOE, os socialistas ficaram numa situação delicada. É que os militantes não veem com bons olhos eventuais acordos com o PP e culpam Pedro Sánchez pelo fracasso das conversas com Iglesias.

Antes de haver novas eleições legislativas, o PSOE terá obrigatoriamente de ir a votos numas eleições primárias para a escolha do candidato a primeiro-ministro. É nessa altura que pode aparecer a oposição a Sánchez, na figura de Susana Díaz, presidente da região da Andaluzia. Díaz “está num processo de reflexão”, lê-se no El Español, que tem mesmo uma contagem decrescente para o dia em que vão ser convocadas novas eleições.

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