A eurodeputada vai sair do Parlamento Europeu para o cargo de vice-governadora do Banco de Portugal. Luís Máximo dos Santos, que até agora estava responsável pelo BES, também vai para o Banco de Portugal. Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, ainda não confirmou oficialmente os nomes, contudo revelou que vai formalizar uma proposta com as suas escolhas em breve.
A notícia da passagem de Elisa Ferreira para o Banco de Portugal foi avançada pelo Negócios e o Observador confirmou esta transição e apurou ainda que Luís Máximo dos Santos vai para a mesma instituição. Os dois cargos de vice-governador do Banco de Portugal estão disponíveis, na medida em que os atuais titulares, Pedro Duarte Neves e José Berberán Ramalho, estão a terminar o mandato. Elisa Ferreira irá substituir um deles.
Segundo os novos estatutos do Banco de Portugal, o governador tem o poder para propor nomes para a administração do supervisor bancário, mas a última palavra pertence sempre ao governo. À exceção do governador, os restantes membros da administração “são designados por resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do Governador do Banco de Portugal e após audição por parte da comissão competente da Assembleia da República, que deve elaborar o respetivo relatório descritivo”, lê-se na lei orgânica do Banco de Portugal.
O governador do Banco de Portugal abordou o caso à saída da cerimónia da entrega dos prémios do concurso Geração Euro e disse que não confirmava ainda estas nomeações e que ainda ia fazer as suas propostas para estes cargos. Nomeações de Carlos Costa vão ser anunciadas em breve. Caberá a Carlos Costa atribuir os pelouros e decidir a organização das pastas na administração do Banco de Portugal.
O nome da eurodeputada socialista já circulava há meses para ocupar um cargo importante na supervisão portuguesa. Elisa Ferreira terá sido sondada para a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários para substituir Carlos Tavares que está também a terminar o mandato e, pelo estatutos, tem de ser substituído por uma mulher. A ex-ministra socialista de António Guterres foi também falada para a Caixa Geral de Depósitos.
Elisa Ferreira também chegou a ser falada para um cargo no governo liderado por António Costa. O nome da eurodeputada era muito bem visto na banca portuguesa, dado o domínio técnico e o papel que desempenhou enquanto deputada na construção da união bancária. Para além de dois cargos de vice-governadores, estão ainda em aberto mais duas nomeações para a administração de Portugal, depois da demissão de António Varela que tinha o pelouro da supervisão prudencial.
Marcelo dá pontapé de saída no novo cargo de Elisa Ferreira
O Presidente da República sugeriu num jantar em Estrasburgo que haveria um eurodeputado português que abandonaria o grupo de eleitos portugueses e a notícia foi confirmada esta quarta-feira. “O mundo é pequeno, estava eu a falar de instituições financeiras e acontece, quem sabe, se não haverá aqui perdas – relativas – porque há enriquecimento noutras áreas, de quem em qualquer caso tem uma posição muito útil para continuar a fazer a ponte com as instituições europeias no domínio financeiro. Mas isso é matéria que ultrapassa a competência – mas não o conhecimento – do Presidente da República“, disse então Marcelo. Quem sai é a socialista Elisa Ferreira, uma da principais arquitetas da União Bancária e mecanismos de estabilização do euro como o two pack ou six pack.
A eurodeputada foi também ministra de António Guterres, com a pasta do Ambiente, e ainda candidata independente apoiada pelo Partido Socialista à Câmara do Porto. Com a saída de Elisa Ferreira, sobe Manuel dos Santos da lista do PS. Manuel dos Santos já foi eurodeputado e foi mesmo eleito vice-presidente do Parlamento Europeu.
O processo da saída de Elisa Ferreira já estava a ser acompanhado em Bruxelas há algum tempo, segundo apurou o Observador. Elisa Ferreira, eurodeputada socialista, tem assento na comissão de Assuntos Económicos e Monetários, na segunda comissão especial que investiga o processo LuxLeaks e faz também parte da delegação parlamentar euro-latina. É uma das figuras mais destacadas da delegação portuguesa, confrontando figuras como Mario Draghi ou Jean-Claude Juncker no âmbito crise do euro.