“Não vou ceder porque já demasiados governos cederam”, afirmou François Hollande à rádio Europe 1, referindo-se à reforma laboral. “Prefiro que guardem de mim a imagem de um Presidente que fez reformas do que a de um Presidente que não fez nada”, acrescentou.

A reforma legislativa “vai passar, porque foi discutida, concertada, corrigida, emendada”, enumerou, assegurando que tem o apoio dos sindicatos reformistas e de uma maioria dos deputados socialistas, ou seja, do partido do Governo.

O governo francês enfrenta desde segunda-feira mais uma semana de greves e protestos contra a reforma da lei laboral, aprovada na semana passada por decreto.

As principais jornadas de contestação nas ruas são hoje e na quinta-feira, com manifestações convocadas por sete sindicatos de trabalhadores e de estudantes, para quem a aprovação da legislação sem votação “reforça a necessidade de amplificar as mobilizações empreendidas” há mais de dois meses.

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A proposta de lei foi aprovada na terça-feira da semana passada na Assembleia Nacional em primeira leitura, embora sem votação, dado que o Governo recorreu ao artigo 49-3 da Constituição por não ter assegurada uma maioria de votos favoráveis.

O texto legal vai ser debatido no Senado entre 13 e 24 de junho e votado nessa câmara a 28. O texto tem depois de regressar à Assembleia Nacional, onde o governo pode voltar a invocar aquele artigo para que não haja votação.

A opção de impor a não-votação levou a oposição de centro-direita a apresentar uma moção de censura ao governo de François Hollande, superada pelo executivo na quinta-feira.

“A tramitação parlamentar continua, a mobilização é mais indispensável do que nunca”, destacam os sete sindicatos na convocatória.

A reforma da lei laboral é considerada pelos sindicatos como “demasiado liberal”, favorecendo as empresas e desprotegendo os trabalhadores.

Uma sondagem divulgada no domingo concluiu que mais de metade (56%) dos franceses apoia os protestos contra a reforma laboral, embora haja uma distinção clara entre os inquiridos de esquerda (67%) e de direita (33%) que apoiam o protesto.

Além das manifestações, várias greves estão previstas nos setores dos transportes — viários, ferroviários e aéreos -, maioritariamente na terça, quarta e quinta-feira.