O Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural é entregue esta quarta-feira, às 18h00, ao ensaísta Eduardo Lourenço, no auditório do Casino Estoril, nos arredores de Lisboa, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Esta é a primeira edição do galardão instituído pela Estoril Sol, em parceria com a editora Babel, em homenagem à memória do escritor e político Vasco Graça Moura, falecido em abril de 2014. O prémio tem periodicidade anual e o valor pecuniário de 40 mil euros.
O nome de Eduardo Lourenço, atualmente conselheiro de Estado, foi conhecido no passado dia 3 de janeiro, tendo sido escolhido por unanimidade por um júri presidido por Guilherme d’Oliveira Martins, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, e ex-presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional de Cultura.
Em ata, o júri realçou o “percurso intelectual do premiado” que “corresponde inteiramente aos objetivos definidos aquando da criação deste prémio”.
“Trata-se de uma personalidade multifacetada que se singulariza pela coerência entre um pensamento independente e aberto e uma permanente atenção à sociedade portuguesa, à sua cultura, numa perspetiva universalista, avultando a reflexão sobre uma Europa aberta ao mundo e nunca fechada numa qualquer fortaleza encerrada no egoísmo e no preconceito”, escreveu o júri.
“Em tempos de incerteza trata-se de uma voz de esperança, que apela ao diálogo e à paz, com salvaguarda da liberdade de consciência e do sentido crítico. A sua heterodoxia mantém-se viva e atual, em nome do compromisso cívico com a liberdade e a responsabilidade solidária”, é salientado na mesma ata.
“Acresce que Vasco Graça Moura manifestou em diversas circunstâncias expressamente a sua admiração pela personalidade de Eduardo Lourenço como intelectual e cidadão, em especial quando foi o principal promotor da candidatura vencedora do ensaísta ao Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (1988), a propósito da publicação de ‘Nós e a Europa ou as duas razões'”, recordou o júri.
“O reconhecimento de uma personalidade largamente consagrada constitui assim e também uma homenagem a Vasco Graça Moura, que tanto apreciava a obra e a pessoa de Eduardo Lourenço”, remataram os jurados.
Além de Guilherme d’Oliveira Martins, que presidiu, o júri foi constituído pela catedrática de Literatura Maria Alzira Seixo, os escritores Liberto Cruz e José Manuel Mendes, o ensaísta Manuel Frias Martins, Maria Carlos Loureiro, da direção-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, e ainda por José Carlos Pereira, em representação da Babel, e Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, pela Estoril Sol.
Eduardo Lourenço, que completa 93 anos no próximo dia 29, é um dos mais reconhecidos ensaístas portugueses, e ao Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural junta outros galardões, como o Prémio Pessoa, em 2008, e o Prémio Camões, em 1995.
O filósofo e ensaísta, que confessou, em 2014, nunca ter visitado a Internet, reconheceu “a felicidade nos jovens que encontram, nesse espaço, visibilidade”, mas mostrou-se preocupado com a “transformação do espaço privado em espaço público”.