O Estado foi condenado a pagar 46 milhões de euros mais juros à concessionária do Túnel do Marão. O acórdão do tribunal arbitral tem a data de 15 de dezembro. O Estado reclamou desta condenação e aguarda uma decisão, revela o boletim anual da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projeto que acompanha as parcerias público privadas (PPP). A compensação surge na sequência do resgate da concessão rodoviária do maior túnel rodoviário da Península Ibérica, inaugurado em abril, decidida pelo anterior governo em 2013. Em 2015, o investimento público neste projeto ascendeu a 132 milhões de euros.

O governo “resolveu” o contrato invocando justa causa por causa da impossibilidade de execução da obra por falta de financiamento e entregou o projeto à Infraestruturas de Portugal. A concessionária, liderada pela construtora Somague, já tinha pedido a constituição de um tribunal arbitral para anular o contrato invocando vários fatores que a impediram de prosseguir com a obra, depois dos bancos terem suspendido o financiamento.

Numa primeira deliberação de 2015, o tribunal já tinha assinalado que o Estado tinha de compensar a concessionária privada pelo investimento e obra realizados e que passaram para a esfera pública. O Estado aguarda ainda o resultado do recurso apresentado para o Tribunal Administrativo Sul contra a competência do tribunal arbitral para decidir esta matéria.

A decisão do Túnel do Marão é mais uma condenação contra o Estado em litígios contra concessionárias privadas de autoestradas. No último ano, houve quatro decisões negativas deliberadas por tribunais arbitrais, que condenaram o Estado a compensações de quase 200 milhões de euros. Estes valores ficaram muito aquém das indemnizações pedidas pelos privados, mas ainda houve contestação por parte do Estado em pelo menos dois casos.

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Decisões de litígios:

Brisal: Condenações superiores a cem milhões de euros ao longo do período de concessão. Estado pagou 38 milhões de euros e contestou parte da condenação. Concessionária pedia cerca de mil milhões de euros.

Autoestradas do Marão: O Estado foi condenado a pagar 46 milhões de euros mais juros. Reclamou.

Autoestradas do Atlântico: Estado foi condenado a pagar 28,9 milhões de euros. Concessionária reclamava 530 milhões de euros.

Interior Norte: Supremo Tribunal Administrativo condenou Estado a pagar cem mil euros a um dos consórcios que perdeu o concurso. O pedido de indemnização era de 75 milhões de euros.