Em abril de 2016, Pedro Fonseca, líder da startup portuguesa CrowdProcess, afirmava ao Observador que o que distinguia as fintechs nacionais era a capacidade de “resolverem problemas com menos barulho”. A CrowdProcess desenvolveu uma aplicação para responder ao problema do crédito malparado, facilitando a análise dos riscos de crédito em bancos de média dimensão.

E foi com a James, o nome da aplicação, que esta startup arrecadou o título de melhor fintech europeia na maior conferência de setor do mundo – a Money 20/20 – e o interesse de vários investidores, incluindo membros do departamento financeiro da Google.

A tecnologia financeira está hoje a abalar um mercado que lida com um bem incontornável – o dinheiro e ativos financeiros – e a transformar a forma como as pessoas e empresas interagem com ele e através dele. Das bitcoins (moeda virtual) ao mobile banking, quase todas as áreas do setor financeiro estão a ser transformadas pela tecnologia no processo, na dinâmica e na interação com interfaces digitais. E as startups são as grandes responsáveis por isso: as cinco que se seguem, integradas no programa Ativar Portugal Startups, promovido pela Microsoft, estão a dar cartas no mercado além-fronteiras e no bolso das empresas e dos consumidores.

No âmbito da gestão de ativos, a fintech tem operado uma verdadeira revolução: acesso aberto às carteiras dos melhores investidores e a investimentos alternativos, conselhos estratégicos de investimento com base em algoritmos ou novos produtos financeiros são apenas alguns exemplos desta nova era.

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De acordo com o relatório publicado recentemente pela PwC (Price Waterhouse Coopers), que recolheu a opinião de 500 executivos em todo o mundo, 40% dos entrevistados acredita que o segmento da gestão de investimentos é particularmente vulnerável à entrada de novos players tecnológicos, em particular no que respeita à automatização de alocações de ativos e gestão patrimonial e à sofisticação dos processos de análise de dados para identificar e quantificar riscos.

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Exemplo disso é a Zercatto, que facilita o que é um quebra-cabeças para a maior parte das pessoas: investir na bolsa e, claro, ter rentabilidade. A plataforma coloca em contacto uma lista de investidores expert que partilham a sua carteira de investimentos com os utilizadores da Zercatto. Estes pagam uma taxa fixa aos experts que seguem e uma comissão à plataforma se a rentabilidade for positiva em face das estratégias de investimento que lhes são aconselhadas. Trata-se de uma forma democrática, fácil e rápida de investir na bolsa com pés e cabeça.

A forma como as novas empresas acedem a financiamento também está a mudar. Várias plataformas oferecem a oportunidade a qualquer investidor – pequeno ou grande – de financiar startups, numa lógica de crowdfunding.

A Seedrs foi a primeira plataforma da Europa a permitir a qualquer pessoa investir numa startup, a partir de dez euros, na ótica do financiamento coletivo, que, neste caso, não é apenas crowdfunding, mas equity crowdfunding: em função do montante que investir, o investidor recebe o correspondente em ações da empresa.

Esta startup ajuda, assim, outras startups a angariar capital que, numa fase inicial, nem sempre é fácil de obter. Originalmente sediada em Londres, tem já escritórios em Lisboa e em Nova Iorque.

No âmbito da saúde financeira, as fintechs também estão a dar boas soluções terapêuticas. A Magnifinance, vocacionada para PMEs, comercializa um software de faturação certificado que promete fazer a gestão financeira de uma empresa em cinco minutos bancários. Como? Através da reconciliação bancária automática, registando todas as transações bancárias na plataforma e associando-as às respetivas faturas. Esta startup promete, assim, automatizar 90% das tarefas de gestão financeira.

Por sua vez, a PetaPilot desenvolve produtos e plataformas tecnológicas para análise de dados de grande dimensão ou volume – Big Data – permitindo às empresas acompanharem facilmente a sua performance financeira, legal e comercial, ao mesmo tempo que facilita a identificação de consistências entre vendas e faturas ou impostos. Desta forma, a deteção de fraude é também um dos principais serviços desta startup.

Se a expressão “mobile wallet” não lhe diz ainda nada, então é tempo de fazer uma visita às inúmeras aplicações que já existem nos vários mercados. Trata-se basicamente de uma carteira virtual e móvel (porque é o seu smartphone) que lhe permite não só pagar as suas compras sem utilizar um cartão físico como também ter acesso a promoções e outras ofertas diretamente no seu smartphone.

A startup Passworks otimiza precisamente a relação das marcas com os seus clientes através de mensagens ou notificações com base na localização. Imagine que passa à porta de uma loja ou que está na área de shopping do aeroporto.

Poderá receber automaticamente no seu smartphone novidades ou promoções existentes nesses espaços e pagar diretamente sem dinheiro vivo ou cartão de crédito. É a associação perfeita entre conteúdos geolocalizáveis e a personalização da comunicação com o consumidor.

O conteúdo é gerido através das plataformas de mobile wallet existentes, como a Windows Phone Wallet, a Google Wallet ou a Apple Passbook.

Num setor tão impactante como o financeiro, estas soluções estão a mudar a forma como é pensado, gerido e otimizado. Pelo ritmo acelerado e a disrupção que as tem caracterizado, a inovação não vai parar por aqui.