Começa esta sexta-feira a segunda edição do Festival Internacional de Cultura de Cascais. O objetivo mantém-se: discutir ideias, gerar encontros e dar espaço a diferentes expressões culturais. Antes de conhecer o programa em detalhe, saiba o que continua desde 2015 e quais as novidades. A entrada para todas as propostas do festival é gratuita.

O que muda nesta edição?

Esta já é a segunda edição do Festival. O “ano zero”, como lhe chama a organização, aconteceu em julho de 2015. “Apostamos em escritores nacionais para perceber a adesão do público”, explica Pedro Sobral, do grupo editorial Leya (um dos organizadores do evento, juntamento com a Câmara da Cascais), que não houve também muito tempo o ano passado para planificar o evento. Mas o resultado foi “satisfatório”. Durante dez dias conseguiram reunir 20 mil visitantes com música, teatro e literatura nas ruas de Cascais. O feedback foi tão bom que decidiram crescer este ano. “As expectativas subiram. Queremos apostar mais na projeção internacional”, afirma Pedro. Exemplo disso é o espetáculo de José Miguel Wisnik, Gabriel Improta e Paula Morelenbau, no sábado dia 17. “É um espetáculo sobre Vinicius e Tom Jobim que explica como se constrói uma canção a quatro mãos. É um dois em um, um misto de aula e show”, define Inês Pedrosa, curadora do festival.

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Quem vai lá estar?

O músico brasileiro Caetano Veloso, o escritor inglês David Lodge ou os autores Arturo Pérez-Reverte e Mathias Énard são apenas alguns dos protagonistas internacionais. “Como a componente internacional tem um foco maior, há muitos convidados de fora”, afirma o coordenador da Leya. Por exemplo, a abertura do FIC nesta sexta-feira está a cargo de dois grandes nomes da música e literatura brasileira: Caetano Veloso e António Cícero. Com a moderação de Inês Pedrosa vão debater o tema “A identidade cultural é uma utopia?”, na Casa das Histórias. “Esta mesa vai analisar a temática da identidade cultural através das experiências pessoais de Caetano e Cícero”, explica Inês Pedrosa, que recorda que Caetano começou por estudar Filosofia na Universidade da Bahia, antes de dedicar à música. “Antes de ser cantor, ele já era pensador. É tão fascinante ouvi-lo pensar como a cantar”, acrescenta.

Os convidados são todos estrangeiros?

Não. Entre os dias 9 e 18 de setembro, haverá uma grande diversidade de autores nacionais e estrangeiros que vão debater temas como a identidade, a crise, o terrorismo num mundo global, a indignação, o poder transformador – ou não – da literatura, ou a forma como esta promove a revolução de mentalidades. Lídia Jorge, Manuel Alegre, Maria Teresa Horta, Mário Cláudio, Nuno Júdice, Rui Zink ou Gonçalo M. Tavares são apenas alguns dos nomes portugueses. Inês Pedrosa acrescenta: “Foi também uma preocupação ter sempre mulheres presentes Continuamos a ver muitos congressos em que os homens estão em destaque”.

O festival é só literatura?

Apesar de ser co-organizado por um grupo editorial, o evento “não estará focado exclusivamente na literatura”. “Fazer com que as pessoas se motivem a ler e a pensar mais sobre diferentes temas é o objetivo”, explica a curadora do FIC. É possível assistir a debates, ensaios ou concertos no mesmo dia. “O público vem porque um determinado autor vai ou porque duas personalidades vão debater um tema. No final, é o visitante que sai a ganhar porque vai pensar de outra forma”, reforça Inês Pedrosa. Isabel Pires de Lima, João Pereira Coutinho, Marisa Matias, Ricardo Paes Mamede, Paulo Tunhas, Manuel Alegre ou Guilherme de Oliveira Martins são outras das figuras com presença confirmada e que garante a abrangência dos temas em discussão.

Há um tema específico?

Este ano o evento pretende fazer uma reflexão do mundo português e das relações estabelecidas entre Portugal e Brasil. “Discutimos economia e pensamos a história”, afirma Inês Pedrosa. Para assinalar os 400 anos da morte de Shakespeare, a programação cultural do festival também será inspirada no escritor inglês. Na Fundação Dom Luís, Mário Avelar, Javier Rioyo e Artur Anselmo vão falar sobre Shakespeare, Cervantes e Camões no sábado, dia 10, às 16h. Já o Teatro Experimental de Cascais (TEC) tem preparada uma jornada dedicada ao dramaturgo britânico com várias representações no sábado, dia 17, a partir das 14h30, prolongando-se pela tarde e noite.

De 9 a 18 de setembro. Seg. – Qui., 18h30-23h; Sex., 10h-00h; Sáb., 10h-00h; Dom., 12h-23h. Entrada gratuita. Mais informação e programação completa no site oficial e no facebook.