O juiz da Relação, Rui Rangel, poderá vir a ser alvo de um inquérito por várias quantias em dinheiro que recebeu na sua conta e cuja verdadeira origem seria o empresário José Veiga — já detido por corrupção no comércio internacional no âmbito da operação “Rota do Atlântico”, avança o jornal Correio da Manhã na edição deste sábado.
Segundo aquele jornal, durante a investigação aos movimentos financeiros de José Veiga, a Polícia Judiciária terá encontrado alguns “testas de ferro”, por onde o dinheiro de Veiga passava. Um deles seria o filho do advogado José Bernardo Santos Martins, que quando confrontado pela Judiciária com os valores que tinha na conta apontou o dedo ao pai. Era ele quem utilizava essa conta para fazer movimentos financeiros.
Os investigadores, acompanhados pelo juiz de Carlos Alexandre, fizeram uma busca ao escritório do advogado. E foi lá que encontraram vários talões de depósito em nome de Rui Rangel, todos abaixo dos 10 mil euros — fintando assim a lei do branqueamento de capitais que obriga os bancos a comunicarem às autoridades registos superiores a 10 mil euros. Segundo o Correio da Manhã, nas mãos da Polícia Judiciária estão ainda e-mails de Rangel a solicitar a transferência desses valores. Num dos dias seis movimentos, todos abaixo dos 10 mil euros. Estão em causa dezenas de milhares de euros.
Tratando-se de um juiz da Relação, só o Supremo Tribunal de Justiça poderá investigar se existe aqui crime ou não. Assim, a procuradora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal titular do processo mandou extrair uma certidão onde aponta todos os indícios e provas documentais em anexo, que enviou para o Supremo. Mas até agora desconhece-se que tenha sido movido qualquer inquérito. De referir que estas buscas foram feitas há mais de meio ano.
A Operação “Rota do Atlântico” visa os negócios de José Veiga e do sócio Paulo Santana Lopes (irmão de Santana Lopes) por corrupção no mercado internacional. Suspeita-se que ambos eram intermediários de um esquema de distribuição de luvas a altas figuras do regime da República do Congo, pagas por empresas brasileiras e norte-americanas – construtoras, que ganham as obras públicas e petrolíferas que beneficiam do petróleo daquele país.
O Observador tentou contactar com o juiz Rui Rangel, mas até ao momento sem sucesso.