O “Pop Galo”, um gigantesco Galo de Barcelos em azulejo e luzes LED, criado por Joana Vasconcelos, acendeu-se este domingo em Lisboa, de onde partirá para a China antes de encontrar um pouso definitivo, porque “é muito caro” fazê-lo voar.

A inauguração da obra de arte, que ficará na Ribeira das Naus até ao final do mês, ocorreu cerca das 18h00, já depois do pôr-do-sol, mas o momento ficou marcado por alguns minutos de espera e dúvida.

Primeiro, o primeiro-ministro, António Costa, e depois, a artista plástica Joana Vasconcelos, tentaram acender as luzes da escultura, com 10 metros de altura, apertando o botão do comando, mas sem sucesso. Depois de várias pessoas tentarem perceber o que se passava, surgiu a explicação: o comando não tinha pilha.

António Costa gracejou, disse que era melhor serem as mulheres a “dar à luz”, e aproveitou para recordar uma história sua, descrevendo que, enquanto governante, garantiu a António Guterres que tudo funcionaria bem na Expo98, tendo sido questionado pelo então primeiro-ministro se tinha testado pessoalmente as tomadas elétricas, que normalmente falham.

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Finalmente, o “Pop Galo” foi ligado diretamente no quadro elétrico e iluminou-se, motivando aplausos do público que se concentrava junto à obra.

“É a representação daquilo que nós queremos que seja bem a nossa imagem, a imagem de um país moderno, mas que é um país que não perde as suas raízes, um país que se afirma com base na sua cultura popular”, descreveu António Costa.

O primeiro-ministro recordou que a obra de Joana Vasconcelos foi criada para assinalar a amizade entre Portugal e o Rio de Janeiro, aquando da comemoração dos 450 anos da fundação desta cidade brasileira, no ano passado, mas, “por vicissitudes cariocas”, tal não aconteceu.

“Há sempre coincidências felizes e este galo é de facto uma marca universal, fará a sua primeira aparição internacional aqui na cidade de Lisboa, na semana em que começamos a Web Summit”, sublinhou o chefe do Governo.

Com a conferência global de tecnologia e inovação que decorre entre segunda e quinta-feira na capital, o executivo não pretende que “Lisboa se transforme num Silicon Valley ou em Berlim, mas que Lisboa seja Lisboa, Portugal seja Portugal, mas agora cada vez aberto e, como sempre, aberto ao mundo”.

De Portugal, o galo viajará, de barco, para Pequim e Xangai, celebrando o Ano do Galo na China, recordou Costa, na presença do embaixador chinês em Lisboa.

“A sua presença simbolizará a amizade entre os nossos povos e os nossos países, num momento muito importante, em que vamos passar a ter uma ponte a ligar os nossos países, a partir de julho um voo regular entre Hangzhou, Pequim e Lisboa e estaremos a partir daí sempre mais próximos”, sublinhou.

Confessando que foi necessária “muita arquitetura diplomática para que este galo parta da Ribeira das Naus para o Mundo”, o primeiro-ministro fez votos para que “um dia encontre um pouso definitivo, porque é muito caro de cada vez que ele voa”.

“Estamos certos de que chegará ao Rio de Janeiro, não sabemos bem por que lado do mar nem exatamente em que ano”, disse o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

O autarca socialista recordou que o azulejo “tem uma tradição milenar” em Portugal e em Lisboa e destacou que a escultura combina a modernidade com uma representação iconográfica da cultura popular portuguesa.

Com 10 metros de altura, 3,5 toneladas, nove quilómetros de cabos e quase 16 mil LED, o “Pop Galo” é revestido por milhares de azulejos, cortados à mão, relatou a sua autora.

A obra permite uma interação com o público, que pode escolher, através de um código QR, a luz que acende e a que está associada uma determinada composição musical, da autoria de João Runas.