O Túnel do Marão foi atravessado por cerca de 2,1 milhões de veículos e contabiliza 3,6 milhões de euros de receita de portagens em seis meses de funcionamento que mudaram os hábitos dos utentes e empresas.
A Autoestrada do Marão concluiu o prolongamento da A4 de Amarante a Vila Real, inclui um túnel rodoviário de 5,6 quilómetros e abriu ao trânsito a 8 de maio, aproximando o Interior do país do litoral.
“O balanço destes seis meses é positivo em toda a linha. Esta A4 tem um tráfego que excedeu as expectativas iniciais. É dos poucos itinerários em que as previsões de tráfego acertaram”, afirmou à agência Lusa Carlos Matos, da empresa Infraestruturas de Portugal (IP).
Até hoje, atravessaram o maior túnel rodoviário da Península Ibérica perto de 2,1 milhões de veículos. O tráfego médio diário nestes meses é de 11.244 veículos.
Neste período destacam-se dois dias: logo na abertura, a 8 de maio, registou-se a passagem de 17.800 veículos, mas o pico máximo ocorreu a 15 de agosto com o total de viaturas num só dia a ascender as 19.500 viaturas.
Carlos Matos salientou ainda que o túnel está a ter uma “coleta de portagens muito interessante”. “Projetamos valores de 3,6 milhões de euros para os seis meses, o que quer dizer que o túnel está a ser autossuficiente em termos de custos”, frisou.
Neste primeiro meio ano de funcionamento notou-se uma transferência do tráfego do Itinerário Principal 4 (IP4) para a nova autoestrada, mas esta captou também trânsito de outras vias, como das autoestradas A24 ou A7.
Em alguns troços do IP4, como por exemplo entre a Campeã (Vila Real) e Amarante, na zona da serra do Marão, o tráfego passou “a residual”, contabilizam-se abaixo dos 1.000 veículos por dia.
A nova autoestrada é atrativa também para o trânsito pesado, atraindo “quase 100% das viaturas pesadas carregadas”. Pelo IP4 passam ainda alguns veículos pesados que não levam carga, o que significa menos esforço mecânico e menos gastos para as viaturas.
Carlos Matos salientou que, neste período, não houve acidentes dentro do Túnel do Marão e referiu que fora da infraestrutura registaram-se “incidentes menores, sem expressão”. “Todo o panorama é positivo”, sublinhou.
Foi apenas preciso fechar uma vez uma das galerias devido ao rebentamento de um pneu de um camião, que espalhou detritos pela via, uma ocorrência que demorou apenas cerca de cinco minutos até à limpeza e reabertura.
No Túnel do Marão a “segurança é máxima”. Dentro da sala de controlo, no edifício instalado na entrada do lado de Amarante, estão permanentemente dois operadores atentos às informações recolhidas pelas 124 câmaras espalhadas pela estrutura e há também dois funcionários que dispõem de carros de assistência equipados com meios de primeira intervenção.
Há cerca de um mês, esta equipa até ajudou à realização de um parto, mesmo junto a uma das entradas do túnel, quando a mãe ia a caminho do hospital de Vila Real.
“Em termos de conceção este projeto é um marco da engenharia portuguesa e em termos de equipamento é um marco a nível mundial, não há melhor. Ao nível dos sistemas de segurança temos aqui do melhor que há”, sublinhou Carlos Matos.
Dentro do túnel apostou-se num sofisticado sistema de segurança que inclui um circuito de videovigilância e a deteção automática de incidentes.
Em caso de anomalia, carro parado ou incêndio, a câmara mais próxima do local foca a anomalia, puxa a situação para o ‘vídeo wall’ do centro de controlo. É o próprio sistema que sugere formas de atuação de acordo com a gravidade da ocorrência e o procedimento de emergência que deve ser tomado.
Os operadores podem comunicar com os utentes através dos painéis luminosos de informação, dos megafones instalados ao longo da estrutura ou através da rádio, já que a mensagem pode interromper a emissão de uma das quatro rádios que poderão ser ouvidas no interior.
Ao longo de toda a extensão existem dois passadiços para encaminhar os utentes para as 13 passagens de emergência, seis das quais permitem a passagem dos veículos para a outra galeria que poderá ser encerrada para a evacuação ou passagem dos veículos de emergência.
No interior há também 82 postos SOS, 470 altifalantes, rede de telemóvel para facilitar as comunicações e foram instalados 72 ventiladores.