O PCP vai lançar uma campanha a partir de janeiro para discutir as consequências da moeda única e a “libertação da submissão ao euro”. Ao mesmo tempo, os comunistas vão aproveitar o conjunto de ações que levar a cabo para exigir a renegociação da dívida pública e também o controlo do sistema financeiro.

A campanha comunista vai durar seis meses, de janeiro a junho de 2017, e o objetivo será “ampliar o esclarecimento da insustentabilidade dos constrangimentos e imposições da União Europeia, e a mobilização de vários sectores da sociedade para a necessidade e possibilidade da libertação da submissão ao Euro, pela produção, o emprego e a soberania nacional”.

A iniciativa foi anunciada este sábado pelo secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, durante a conferência de imprensa sobre as conclusões do recém-eleito Comité Central do PCP e consta no comunicado divulgado pelo partido. Os comunistas não esclareceram no entanto em que consistirá exatamente esta campanha, se em debates organizados, conferências ou propostas levadas ao Parlamento.

O PCP tem defendido com insistência que Portugal deve estar preparado para sair da moeda única. Foi essa, de resto, a nota dominante do XX Congresso Comunista, onde vários e destacados dirigentes comunistas defenderem que o país deve estar preparado para deixar o euro, seja por iniciativa própria, por expulsão ou por implosão da estrutura europeia.

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Jerónimo de Sousa aproveitou a conferência de imprensa para apresentar uma outra novidade: os comunistas vão pedir reuniões ao PS, ao Bloco de Esquerda e ao Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), para tentar construir uma “convergência de forças, setores e personalidades disponíveis para a construção da alternativa patriótica e de esquerda”.

Na conferência de imprensa, líder comunista apresentou a ideia de forma inicialmente genérica: “Decidiu-se promover a realização de um conjunto de contactos com instituições e entidades diversas, junto das quais vai solicitar, desde já, audiências e encontros”.

Na declaração que leu aos jornalistas, na sede nacional deste partido, em Lisboa, Jerónimo de Sousa disse que esta iniciativa foi tomada “reafirmando o empenhamento do PCP na convergência de forças, setores e personalidades disponíveis para a construção da alternativa patriótica e de esquerda, e com o objetivo de transmitir aspetos essenciais das conclusões do XX Congresso”.

Questionado sobre que entidades são essas, o secretário-geral do PCP respondeu que “são diversas, no plano institucional, no plano partidário, no plano das estruturas sindicais”. No que respeita aos partidos, adiantou: “Estamos a falar naturalmente do PS, estamos a falar do Bloco de Esquerda, estamos a falar do PEV, particularmente destas, para além de outras instituições da República”.

Sem referir mais nomes, Jerónimo de Sousa afirmou que o PCP vai encetar “um conjunto muito vasto de contactos” com “democratas e patriotas”, procurando “encontrar soluções duradouras” para Portugal, com “uma política alternativa” que seja “patriótica e de esquerda”.

Na sua declaração inicial, Jerónimo de Sousa declarou que o Comité Central considerou que o XX Congresso do PCP, realizado em Almada no início deste mês, “constituiu um grande êxito, um extraordinário momento de afirmação do partido”, e na sequência desse congresso tomou hoje “decisões sobre organização do trabalho de direção”.

Jerónimo de Sousa alerta para o perigo de “caos” na saúde

O secretário-geral comunista aproveitou ainda para lembrar a necessidade absoluta de reforçar os serviços de saúde. De acordo com Jerónimo de Sousa, o PCP considera que existe “a imperiosa necessidade de tomada de medidas” no setor, “agora que se aproxima o pico das temperaturas baixas com o surto de gripe a elas associado”.

“A possibilidade de se repetirem situações de caos nas urgências hospitalares é real. É necessário impedir situações idênticas às verificadas nos últimos anos, com tempos de espera muito acima do que seria normal e com consequências dramáticas para alguns dos doentes que recorreram a esses serviços”, defendeu.

Segundo o PCP, devem ser tomadas “as inadiáveis medidas necessárias para a formação das equipas, que passam não pela aposta na contratação dos profissionais das empresas de aluguer de mão-de-obra, mas pela resolução dos constrangimentos que dificultam a constituição das equipas com profissionais dos respetivos hospitais e a disponibilização de mais camas de internamento”, acrescentou.

Na declaração que leu aos jornalistas, Jerónimo de Sousa alertou também para o que classificou de “grave situação existente no setor dos transportes públicos, em resultado da saída de trabalhadores e da persistente falta de manutenção das frotas, problemas que têm condicionado de forma preocupante a mobilidade das populações nos últimos anos”.

“O PCP defende a necessidade da tomada de medidas urgentes visando a solução dos problemas existentes, designadamente nos transportes fluviais e no metropolitano”, disse.