As suspeitas de um pagamento de 1,5 milhões de euros, alegadamente feito pelo construtor José Guilherme, terão sido o fundamento para o Ministério Público ter constituído arguido António Tomás Correia, antigo presidente da Caixa Económica Montepio. A informação é avançada este sábado pelo Jornal Expresso.

De acordo com o jornal, as transferências de José Guilherme, o construtor da Amadora que ficou conhecido por ter oferecido uma “liberalidade” de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado, podem estar ligadas a empréstimos concedidos pelo Montepio e pelo Banco Espírito Santo para a compra e desenvolvimento do Marconi Parque, em Alfragide. Em causa estão financiamentos de 74 milhões de euros feitos ao fundo de investimento imobiliário Invesfundo que comprou os 50 hectares do Parque Marconi no final de 2005, ano em que Tomás Correia era administrador do Montepio, do qual só chegou a presidente em 2008. Este fundo era gerido por uma empresa do Grupo Espírito Santo. As transferência sob suspeita aconteceram entre 2006 e 2007.

As investigações ao antigo banqueiro, que ainda lidera a Associação Mutualista Montepio, surgem no quadro de um inquérito do DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) sobre burla qualificada, abuso de confiança, fraude fiscal, branqueamento de capitais e, eventual corrupção, de acordo com um comunicado já emitido pelo Ministério Público. Neste inquérito foram constituídos dois arguidos.

Sob suspeita, conta o Expresso, estão transferências feitas a partir de contas do banco UBS, que são detidas por offshores, cujos beneficiários finais serão José Guilherme e do filho. Paulo Guilherme foi um dos investidores nas unidades de participação emitidas pelo Montepio em 2013 que permitiram reforçar o capital da caixa económica,

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Em declarações ao Expresso, o porta-voz de António Tomás Correia afastou qualquer relação comercial com qualquer cliente do banco e negou ter recebido qualquer transferência de clientes em bancos na Suíça. O gestor deixou de ser presidente da caixa económica em 2015.

Em recente entrevista à Sábado, quando questionado sobre as investigações da justiça, Tomás Correia Tomás afirmou estar “absolutamente tranquilo”, recusando contudo dar mais informações sobre o empréstimo em causa, por causa do sigilo bancário. .

O jornal não conseguiu contactar José Guilherme que vive em Angola.