A Polícia Judiciária deteve esta quarta-feira cinco futebolistas da II Liga e um membro dos Super Dragões por suspeitas de corrupção no âmbito da “Operação Jogo Duplo”.
De acordo com o comunicado da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária enviado às redações, foram ainda constituídos arguidos, “todos com ligações à indústria do futebol”. São suspeitos da “prática dos crimes de associação criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva.
Segundo o Correio da Manhã, três dos detidos jogam no Oriental e outro dos jogadores representou o Penafiel na época passada. O outro jogador era atleta do Académico de Viseu. São suspeitos de aceitarem pagamentos em troca de perderem deliberadamente jogos para favorecer as apostas online de empresários asiáticos.
“Esta investigação, que vem na sequência da operação jogo duplo, 1ª fase, na qual foram realizadas 31 buscas e efetuadas 15 detenções, respeita à mesma investigação que decorre há cerca de um ano e que tem como objeto o fenómeno da corrupção no desporto como instrumento do ‘match fixing’ de competições oficiais de futebol, traduzido, aqui, em atuações concretas de vários agentes ligados a este desporto”, esclarece ainda a Polícia Judiciária.
A Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária revelou também que “fez 16 buscas domiciliárias em diversas localidades do país, designadamente, em Lisboa, Vila Franca de Xira, Ovar, Gaia, Porto, Fátima, Sesimbra, Loures, Santa Maria da Feira, Sanfins e Ermesinde” e apreendeu “diverso material relacionado com a prática da atividade criminosa em investigação”.
“Durante a investigação em curso a Polícia Judiciária contou com a colaboração da EUROPOL e de entidades estrangeiras de monitorização de jogos e a importante cooperação com a Federação Portuguesa de Futebol. Os detidos serão presentes ao Ministério Público para primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa”, revela, por fim, a Polícia Judiciária.
Esta é a segunda fase da Operação “Jogo Duplo”. A primeira culminou com a detenção de 15 jogadores e dirigentes do Leixões, Oliveirense e Oriental, no final da última jornada da época 2015/16, em maio. Segundo as suspeitas da Polícia Judiciária, os jogadores detidos terão alegadamente recebido subornos para jogarem mal, propiciando o resultado menos provável. Deste modo, os empresários — apostadores asiáticos — conseguiam garantir lucro nas suas apostas. Na altura, o Diário de Notícias revelavou que as escutas telefónicas — essenciais para os investigadores — terão captado os jogadores a gozar com as derrotas do clube e a vender os resultados dos jogos.
Segundo o Expresso, há mais jogos de futebol sob suspeita (além dos que já tinha sido investigados na primeira fase da operação), todos da II Liga e que contaram com participação destes três clubes durante as épocas 2014/15 e 2015/16. A investigação centra-se novamente numa rede asiática, com ramificações na Malásia, adianta o mesmo jornal.
Em comunicado, a Federação Portuguesa de Futebol reagiu, garantindo que o órgão colabora com a Unidade Nacional de Combate à Corrupção, condenando as práticas “criminosas associadas ao futebol”.
“Em relação aos acontecimentos hoje dados a conhecer no âmbito de uma operação das autoridades públicas competentes em investigação relacionada com suspeitas de corrupção no fenómeno desportivo, vem a Federação Portuguesa de Futebol afirmar: a FPF acompanha de forma regular e conhecedora o trabalho da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), nomeadamente no que diz respeito ao desporto e ao futebol; a FPF reafirma que Portugal não pode ser terreno fértil para comportamentos e ações criminosas associadas ao futebol; a FPF continuará a trabalhar, no limite das suas competências, para um futebol mais limpo e digno de um país Campeão Europeu.”