A IKI Mobile é uma marca portuguesa, com três anos de existência e projeção no mercado internacional. Agora, para fortalecer os laços com o país de origem, a empresa vai inaugurar, entre julho e agosto, a primeira sede em território nacional, situada em Coruche, Santarém. A marca tem um smartphone com uma capa traseira e alguns componentes internos feitos de cortiça que, a partir de setembro, já será fabricado em Portugal.
Com uma aposta forte na utilização da cortiça para a construção de uma parte dos seus smartphones e de alguns componentes e acessórios, Tito Cardoso, presidente executivo da IKI Mobile, decidiu escolher a capital mundial da cortiça para implementar a primeira fábrica da empresa em território nacional. Atualmente, os smartphones IKI são vendidos apenas em mercados estrangeiros.
“A IKI escolheu Coruche por causa dos seus recursos humanos, da tranquilidade e porque queremos ter uma terra” disse Tito Cardoso na conferência de imprensa, esta quarta-feira, em Coruche. “Queremos ser conhecidos como uma marca de Portugal mas também de Coruche”, acrescenta.
Segundo o que Tito Cardoso avançou durante a conferência, 70% dos componentes do smartphone KF5 Bless Cork Edition serão feitos em Portugal, sendo que apenas componentes tais como o processador terão de ser importados, por não existir em território nacional quem os fabrique.
Este é um equipamento que se distingue dos restantes do mercado por ter uma traseira e alguns componentes internos feitos em cortiça. Segundo o Presidente da Câmara de Coruche, Francisco Silvestre de Oliveira, que também esteve presente na conferência de imprensa, “a cortiça dos telemóveis pode ser reutilizável quando o smartphone deixar de ser utilizado”. Quer isto dizer que, caso o smartphone avarie ou o utilizador decida trocar por outro equipamento, a cortiça presente no dispositivo poderá ser utilizada para criar novos produtos, incluído as tradicionais rolhas para garrafas.
A primeira unidade mobile em Coruche vai ter uma área administrativa de 700 m2 aos quais acrescem 1400 m2 para a área de produção. Estes espaços serão dedicados inteiramente ao desenvolvimento tecnológico, ao embalamento em cortiça e ao fabrico dos smartphones e dos acessórios da IKI Mobile.
Atualmente, a fábrica já tem a infraestrutura construída mas só estará operacional no mês de julho ou agosto. O investimento inicial foi de cerca de 1.6 milhões de euros. Com a entrada em Portugal serão contratados, no primeiro ano, cerca de 30 funcionários chineses e portugueses. Em Lisboa vai existir também um espaço da IKI mas “será a parte de design e a parte financeira” com cerca de 20 funcionários, esclarece Tito Cardoso.
“Termos uma fábrica significa termos autonomia, crescermos com nós próprios, não dependermos de ninguém, nem de outros mercados que possam condicionar o nosso crescimento na produção de um produto deste nível. Deste modo a IKI Mobile vai crescer, tornar-se-á mais forte, uma marca de referência no mundo na área da tecnologia”, comentou Tito Cardoso na conferência de imprensa.
O presidente executivo da empresa tecnológica esclareceu que vão contratar profissionais internacionais “especialmente no departamento de design para alinharmos os produtos com as linhas utilizadas nos maiores mercados”.
A IKI Mobile esteve presente no Mobile World Congress, em Barcelona, com o smartphone em cortiça, que apresentou em dezembro de 2016, e vai também viajar até Berlim para estar presente na IFA 2017 – feira anual de eletrónica de consumo.
O Observador viajou a Coruche a convite da IKI Mobile.