O boom do padel promete não ser uma moda passageira. A modalidade desportiva tem registado, nos últimos quatro anos, um crescimento superior a 80% no número de praticantes.
Por estes dias, andar no clube VII, Parque Eduardo VII, onde decorre até domingo a segunda edição do Lisboa Challenger, significa, literalmente, tropeçar em miúdos e graúdos, rostos conhecidos e desconhecidos, que já se renderam à modalidade que é a nova moda do desporto nacional.
A implementação do padel em Portugal tardou — os primeiros campos foram construídos no início da década de 1990 -, mas quando aconteceu, houve um verdadeiro boom. Nos últimos quatro anos a modalidade registou um crescimento médio anual de 85%, tendo atualmente cerca de 40 mil praticantes e quase 4.000 filiados, de acordo com dados da Federação Portuguesa de Padel.
Só este ano, Portugal vai organizar o Campeonato da Europa de padel por equipas, que vai decorrer entre 14 e 19 de novembro, no Clube de Ténis do Estoril, e uma prova da World Padel Tour (WTP), o Portugal Padel Masters, que se realiza entre 18 e 24 de setembro.
O crescimento deste desporto tem sido transversal a todo o território nacional, com o calendário de competição a incluir 50 torneios que em larga escala terão contribuído para que haja três jogadores — Diogo Rocha, Miguel Oliveira e Vasco Pascoal – do ‘top 100’ do ranking mundial masculino, com Ana Catarina Nogueira, antiga campeã nacional de ténis, a ser a ‘estrela’ feminina, na 26.ª posição da sua hierarquia.
E é precisamente ao ténis que o padel vai ‘piscar o olho’, embora essa ‘sedução’ seja, de acordo com o seu máximo responsável, involuntária.
“Comparam-nos muito com o ténis, obviamente, e é inevitável essa comparação. Nós todos, no padel, gostamos muito de ténis, como gostamos de todas as outras modalidades. Quem joga ténis, é mais fácil iniciar-se, porque já tem a noção de raquete-bola e olho-bola. Portanto, numa primeira instância, vamos beber ao ténis”, reconheceu à Agência Lusa Ricardo Oliveira.
O presidente da Federação Portuguesa de Padel (FPP), que desde 27 de março tem o estatuto de Entidade de Utilidade Pública desportiva, defendeu que o padel é uma modalidade mais rentável do que o ténis.
“Na mesma área em que se faz um campo de ténis, constroem-se três de padel. O custo é o mesmo e a rentabilidade é 10 vezes maior. Logo aí, é uma vantagem que o padel tem. E depois, é um desporto muito social, por isso tem muitos praticantes. As pessoas no padel jogam e ficam a beber um copo, porque logo à partida há quatro pessoas. O que vejo noutras modalidades é que as pessoas fazem aquilo como desporto e vão embora. Nesse aspeto, temos uma vantagem sobre os outros desportos”, considerou.
O que é certo é que, desde 2014, o número de filiados na Federação Portuguesa de Ténis tem registado um declínio, estando agora situado em 15.748, e promete descer ainda mais, uma vez que, declarado o estatuto de Entidade de Utilidade Pública desportiva da FPP, as licenças desportivas do padel serão retiradas da contagem.
Apesar do caminho ainda ser longo, Ricardo Oliveira mostra-se confiante de que o crescimento não vai parar por aqui. No entanto, ainda há uma última barreira a quebrar: “Nós sabemos que, em Portugal, o desporto rei é o futebol. Pega-se em qualquer jornal desportivo e sabemos que, das 40 páginas que o jornal tem, as primeiras 34 são de futebol. E, depois, restam seis páginas para outros desportos, grandes também. Temos uma série de modalidades que andam por aqui há dezenas de anos. Até termos milhares de praticantes, também não há interesse nos meios de comunicação de estar a dar atenção a uma modalidade, que se calhar as pessoas não vão ler”.
Para o presidente da FPP, esta política dos media quanto ao padel “é um pau de dois bicos”. “A modalidade tem de crescer para ter atenção mediática, mas também tem de ter atenção para crescer”, salientou.