Demorou mas foi: quase uma semana depois de ter passado por Lisboa para realizar exames médicos e rumar à Suíça, onde integrou ainda a parte final do estágio da equipa, o extremo Marcos Acuña foi confirmado como reforço do Sporting para as próximas quatro épocas, ficando com uma cláusula de rescisão de 60 milhões.
Official: Sporting have signed Racing winger & Argentine international Marcos Acuña on a 4-year deal with a €60m release clause. €9,6m fee. pic.twitter.com/fCOrhmAWMW
— Jan Freðrik Hagen (@JanFHagen) July 21, 2017
Ainda assim, o acordo com o Racing Avellaneda é mais abrangente do que a simples contratação do internacional argentino: os leões anunciaram um “protocolo de cooperação estratégica” com o clube argentino, que prevê ainda o direito de preferência sobre três jogadores (que não são anunciados no comunicado colocado no site oficial) e a realização de um jogo de caráter particular com data a definir. Custo total da operação: 9,6 milhões de euros mais os mecanismos de solidariedade.
Desta forma, Acuña torna-se o segundo jogador mais caro de sempre na história do clube verde e branco, apenas superado pelo avançado holandês Bas Dost (custou 10 milhões de euros quando foi contratado no ano passado ao Wolfsburgo, mais dois mediante a obtenção de determinados objetivos). Já Bruno Fernandes, outro dos reforços do Sporting para a presente temporada, cai do top-3 (8,5 milhões), atrás de Elias (8,8 milhões).
Em paralelo, os leões garantiram já dez contratações para a presente temporada: os defesas Piccini, André Pinto, Mathieu e Fábio Coentrão; os médios Battaglia, Mattheus Oliveira e Bruno Fernandes; e os extremos/avançados Marcos Acuña, Doumbia e Leonardo Ruíz (que já tinha estado no ano passado da equipa B mas só este ano a SAD confirmou o direito de opção). Mas a conta pode não ficar por aqui: Jorge Jesus espera pelo menos mais um lateral direito, número que pode aumentar mediante o mercado de saídas.
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Nascido em Zapala, Neuquén, o pequeno extremo (1,72m) de 25 anos acabou por ter um caminho inverso em relação a muitos dos laterais da atualidade como Fábio Coentrão: em vez de começar como ala e baixar depois para a defesa, Acuña começou atrás e chegou-se depois à frente. O talento está lá, mas nem todos lhe reconheceram isso quando era mais novo – foi reprovado por Boca Juniors, River, Tigre e San Lorenzo (o Quilmes gostou dele mas não dava qualquer pensão caso ficasse no clube, o que se tornava demasiado dispendioso) antes de chegar ao Ferro Carril Oeste. Neste caminho de sucessivas negas, pensou várias vezes em desistir mas a mãe foi sempre alimentando o sonho de tornar-se futebolista profissional.
‘El Huevo’, como também é conhecido pelo corpo gordito que tinha quando era o miúdo, como explicou a mãe, não teve mesmo um início fácil: numa entrevista ao El Gráfico, recuou até aos quatro anos, quando começou a jogar e às vezes levava com pequenas pedras na cara por causa do forte vento que se costuma fazer sentir em Zabala. Ainda esteve na equipa do bairro, o Olimpo, que treinava na Escola 114, onde estudava. Foi daí que saltou para o Don Bosco e, após todas as supracitadas recusas, para o Ferro Carril Oeste. Mas também em Buenos Aires a coisa não correu bem e foi assaltado três vezes nos primeiros meses, quando tinha 17 anos. “A primeira vez estava com a família e disseram-me para não me virar. Em Floresta, apanhava um comboio mas antes de chegar à estação já tinha sido roubado. Por trás de cada jogador há uma história de sacrifício”, disse.
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Nem num dos dias mais felizes da vida, quando se estreou pelo Ferro, teve sossego: foi a primeira vez que andou de avião, mas antes levou uma carecada dos companheiros como praxe. Tinha sangue na guelra e, em quatro meses, foi três vezes expulso. “Tenho mesmo de acalmar-me”, pensou. Num outro jogo, desmaiou em campo mas o árbitro não ligou porque pensava que estava a queimar tempo. Ganhara entretanto lugar na equipa e chamou a atenção do Racing Avellaneda, que o contrata em 2014. Passou a marcar mais golos do que antigamente, onde se destacava pelos livres diretos. E chega agora à Europa, com um total de três internacionalizações pela seleção da Argentina (a primeira em novembro de 2016).
Um dos amigos mais próximos é Leandro Grimi, antigo lateral do Sporting. E foi ele que lhe apresento Santiago Aysine, cantor que costuma ir ver sempre que pode. Casado e com dois filhos, explicou a única coisa pela qual levava na cabeça da mulher. “O Mora e o Benjamín mudaram a minha vida. A minha mulher criticava-me porque, quando eram muito pequenos, não gostava muito de agarrar neles nem mudá-los porque tinha a sensação que vou apertá-los ou magoá-los. Mas com o Mora, que agora já tem dois anos, já troco. Algum dia teria de ser”, contou nessa referida entrevista, no ano passado.
https://www.youtube.com/watch?v=QliW02rnRNw
Em condições normais, Acuña será o substituto natural de Bryan Ruíz, que está de saída de Alvalade. E, mesmo com um estilo diferente, encontram-se semelhanças a nível de posicionamento que terão despertado a atenção de Jorge Jesus: é daqueles alas com técnica, explosão mas que joga também muito por dentro, abrindo espaço para as subidas dos laterais e desposicionando a defesa contrária. O argentino pode também jogar atrás do avançado ou como um terceiro médio, no vértice ofensivo.
OFICIAL POR 9.6M€ ⭐
Marcos Acuña: investimento elevado do #SportingCP c/ números de craque
+argentinos p/ a Europa???? https://t.co/HLu9WsH5WM pic.twitter.com/DFJeA8XXT5— GoalPoint (@_Goalpoint) July 21, 2017