No início do mês de julho, saiu de Washington, nos Estados Unidos, como parceira do ano da Microsoft Portugal, num evento anual que junta mais de dez mil parceiros da gigante tecnológica. Com o prémio “Country ISV (Independent Software Vendor) of the Year” foi considerada o parceiro que mais se destacou na inovação e implementação de soluções baseadas em tecnologias Microsoft. Já antes tinha sido distinguida pela Vodafone Portugal, que considerou a Next Bitt um “case study“. Porquê? Porque esta empresa, que tem sede na capital e um escritório em Angola, gere os edifícios sede, em Lisboa e Porto, e a rede de lojas da Vodafone, de norte a sul do país.

A Next Bitt nasceu há ano e meio para ser uma empresa especialista em sistemas de gestão de edifícios, que tem um conjunto de soluções que vão desde a gestão da frota automóvel, “até ao pastel de nata, à garrafa de água ou ao café que está destinado às reuniões”, diz Miguel Salgueiro, 43 anos, um dos fundadores da empresa, ao lado de André Calixto e Pedro Morais.

São três sócios que, ao longo de mais de 20 anos de carreira na área tecnológica, andaram separados, mas que se cruzaram a dada altura. “Eu saí para montar o meu negócio próprio. Depois vim a saber que eles também saíram para montar uma empresa deles”, conta ao Observador.

Juntaram as ideias, a “experiência” e o capital e fundaram a Next Bitt, que acabaria por ser um spin off (criação de uma nova empresa através de outra já existente) da empresa onde Miguel trabalhava.

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Os negócios tinham-no levado até Angola, por isso, o país foi como um “ponto de partida” na história da empresa. “Ainda não havia a Next Bitt e começamos a vender a nossa solução em Angola”, conta. Hoje estão em negociações para implementarem a sua plataforma em mais quatro empresas no país.

A empresa, diz Miguel Salgueiro, foi fundada para “construir soluções” que resolvam problemas de gestão de ativos físicos de empresas, independentemente do setor ou da indústria. “Tentamo-nos focar numa tecnologia que cobre as áreas não core (de base) dos nossos clientes”, explica.

Este negócio tem evoluído muito depois da crise. Este setor surge muito da manutenção industrial e nós sempre vimos esta solução, não só pela manutenção, mas também pelas facilities (instalações). Por mais que possamos menosprezar a manutenção, a limpeza ou a energia – se o gerador falhar, por exemplo, e o prédio ficar com temperatura muito elevada é complicado para clientes, colaboradores – estas coisas tem uma grande responsabilidade na operação das empresas”, explica.

Da manutenção dos edifícios e do correio, aos caterings, à jardinagem, à auditoria dos serviços (que verifica se estão bem feitos) ou à eficiência energética, tudo passa pelo software desenvolvido pela startup, que é assente na cloud (nuvem) Windows Azure, o que lhe valeu o reconhecimento da Microsoft. Trabalham, por exemplo, com uma empresa específica em manutenção, a UPK, que tem cerca de 220 técnicos distribuídos pelo país, “que gerem o seu dia a dia” através da plataforma, conta Miguel.

“Estamos com uma grande necessidade de crescer”

No portfólio, tem clientes como a Vodafone Portugal, Brisa, grupo Trivalor, Hospital de Vila Franca de Xira, ANA-Aeroportos de Portugal, Meo Arena, Fundação Champalimaud, Benfica ou Altice.

Isso é muito diferenciador, porque dá muita credibilidade e segurança aos nossos clientes, aos seus bens, dados e informação”, considera.

No ano passado, estiveram presentes na Web Summit, que juntou mais de 50 mil empreendedores, empresários e investidores pela primeira vez, em Lisboa. “A Web Summit lançou um concurso internacional. Nós inscrevemo-nos mas nunca pensamos que aquilo ia dar um segundo passo. Pensamos que iam concorrer ‘milhões’ de empresas, que ia ser muito complexo”, recorda. Acabaram por ir passando, fase a fase, até que ganharam um lugar nas 160 empresas selecionadas a nível mundial para estarem presentes na cimeira tecnológica.

No primeiro ano de atividade, este projeto “100% português” faturou 500 mil euros. Este ano apontam chegar aos 800 mil euros. Para já, o objetivo é continuar o “crescimento sólido” e “manter a média” de um cliente novo por mês. E focar em “voos internacionais”. Nos próximos seis meses, adianta Miguel, querem fechar um negócio de âmbito internacional. “Já fomos contactados por um grande grupo internacional que opera em 12 países que está a estudar a nossa solução”, conta.

Sempre foi nosso objetivo, nos primeiros três anos da empresa, internacionalizar. Mas não queremos ir explorar aquele mercado. Queremos ir através de players internacionais que já trabalham connosco em Portugal, como uma Vodafone, mas que querem replicar a nossa solução noutras geografias”, explica.

A rede de lojas Gato Preto, por exemplo, tanto usa a solução desenvolvida pela Next Bitt em Portugal como nas lojas que tem em Espanha. Como a plataforma está preparada para seis línguas e, por trabalharem na cloud em Windows Azure, isso permite “explorar outros mercados”, admite o cofundador da empresa.

Neste momento, a equipa da Next Bitt tem 15 pessoas e está a contratar. Aliás, uma das maiores “dificuldades do crescimento da empresa”, admite Miguel Salgueiro, tem sido a contratação de programadores pela sua “escassez” e porque é difícil “atrair” novos profissionais que receiam a instabilidade profissional. “Pelos projetos que temos vindo a ganhar, estamos com uma grande necessidade de crescer”, nota.

Tecnologia. Onde há emprego, mas quase não há candidatos

*Tive uma ideia! é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.