Esperou quase um dia mas reagiu. A guerra política em Oeiras está ao rubro e o atual presidente da câmara, Paulo Vistas, já reagiu às acusações feitas terça-feira ao final do dia pelo agora adversário Isaltino Morais. Numa publicação no Facebook, Vistas não nega categoricamente as suspeitas levantadas por Isaltino em relação ao facto de ser padrinho de casamento do juiz Nuno Cardoso, mas diz que se tratou de um ataque ao seu caráter de forma “leviana”, “sem qualquer verdade ou fundamento”.

PELA POSITIVA. NÃO PODE VALER TUDO.Política é servir de forma desinteressada e austera, mas com total empenho e…

Posted by Paulo Vistas on Wednesday, August 9, 2017

“Infelizmente, por factos que me são totalmente alheios, o meu carácter foi atacado de forma leviana sem qualquer verdade ou fundamento. Fui difamado pela mesma pessoa a quem, no passado, sempre manifestei solidariedade e respeito. Fui atacado na minha honra pela mesma pessoa por quem, durante anos, batalhei por defender a sua. Uma decisão judicial não pode justificar a leviandade das insinuações ontem feitas por um dos candidatos à CM de Oeiras”, lê-se na publicação, referindo-se à decisão do tribuna de Oeiras conhecida ontem que inviabiliza a candidatura de Isaltino Morais por alegadas irregularidades na recolha de assinaturas.

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O juiz que assinou a decisão chama-se Nuno Cardoso e depressa Isaltino Morais veio a público revelar que se tratava de afilhado de casamento de Paulo Vistas. Esta quarta-feira, a candidatura de Isaltino revelou mais um dado desta suposta “teia de relações” entre o autarca e o juiz, revelando que a mulher de Nuno Cardoso é, desde maio, funcionária do laboratório dos serviços intermunicipalizados de Oeiras e da Amadora. O Conselho Superior da Magistratura abriu entretanto um inquérito à conduta deste juiz.

Conselho Superior da Magistratura abre inquérito ao juiz que “chumbou” Isaltino

Contactado pelo Observador ao início da manhã, Paulo Vistas recusou-se sempre a comentar as declarações do ex-autarca de quem foi vice-presidente. Agora decide falar via Facebook, para sublinhar, por um lado, que não “renega” o passado que partilhou com Isaltino Morais na câmara e no movimento Isaltino, Oeiras Mais à Frente, e para o acusar, por outro, de ter uma “forma mesquinha de estar na vida”.

Para Paulo Vistas, Isaltino está a recorrer aos argumentos pessoais para questionar a “seriedade” do magistrado porque “já perdeu todos os argumentos legais”.

“Nunca neguei gratidão a quem, antes do meu tempo, mas também comigo, serviu Oeiras. Sempre lhe dediquei o reconhecimento e solidariedade devidas porque na política, como na vida, a gratidão é um dever. A independência do poder judicial é um pilar da nossa sociedade. A seriedade e o carácter dos magistrados só “pode” ser posta em causa por quem já perdeu todos os argumentos legais. É esta forma mesquinha de estar na vida que, ao longo dos anos, tem afastado os cidadãos da política. Não pode valer tudo”, diz.

Paulo Vistas, contudo, nunca nega categoricamente a existência de uma relação pessoal de amizade com o juiz do tribunal de Oeiras que proferiu a decisão. Não rejeita ser padrinho de casamento de Nuno Cardoso, nem que este tenha sido secretário da comissão política do PSD Oeiras, em 2004/2005, quando Paulo Vistas era o presidente dessa comissão.

“As amizades honram a nossa vida, mas a independência profissional está acima delas e definem o nosso carácter e dignidade. Para mim este princípio é claro, mas se para outros é uma novidade, fico surpreendido”, limita-se a dizer.

Isaltino sobre rejeição de candidatura: “Vistas é padrinho de casamento do juiz”