A apresentação de Neymar no Parque dos Príncipes mostrou que ele tinha trocado Barcelona por Paris para ser um rei: do espetáculo do DJ Martin Solveig ao fogo de artifício, passando por toda uma mega operação a nível de redes sociais, o investimento de 222 milhões no brasileiro foi bem mais do que uma mera contratação desportiva – o clube desenhou um novo modelo de negócio em torno da maior estrela “humana” (que é como quem diz, além dos dois extraterrestres que dominam o futebol mundial há uma década, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi).
Foi uma ideia arrojada, capaz de quebrar paradigmas a nível de limites de investimento, que mostrou bem a nova face do futebol enquanto indústria globalizada. Como tal, todos os cuidados são poucos com o número 10. E são esses cuidados que têm vindo a deixar mossa entre vários jogadores do plantel do PSG, que se sentem injustiçados pelos cinco privilégios que o avançado tem (uns mais “compreensíveis” do que outros).
“Ici c’est Paris, merci beaucoup”: a apresentação de Neymar com direito a DJ e tudo
Segundo o Le Parisien, um dos principais pontos passa pela contratação de dois fisioterapeutas de confiança só para Neymar, Rafael Martini e Ricardo Rosa. Não é a primeira vez que existe um jogador do conjunto francês com esta mordomia, porque Zlatan Ibrahimovic também já teve (Darío Fort), mas a verdade é que o preparador do sueco trabalhava com outros elementos do plantel, algo que agora não acontece.
Depois, existem duas questões mais “futebolísticas” que também não caem bem no seio do grupo, ainda de acordo com a mesma publicação: o pedido para que ninguém faça entradas mais duras nos treinos que possam eventualmente lesionar o brasileiro e a liberdade tática que goza na equipa, sendo o único que tem as missões defensivas congeladas para não se desgastar tanto e poder estar mais solto para as ações ofensivas, algo que não acontece, por exemplo, com Cavani, Mbappé ou qualquer outro avançado (Pastore, Lucas Moura…).
Por fim, duas coisas menos relevantes mas que, neste contexto, acabam por ter o seu impacto: a possibilidade de levar uma mala diferente de todos os restantes jogadores do PSG, como aconteceu este fim-de-semana (que vale o que vale, mas entronca sobretudo nas regras que não são aplicadas com o brasileiro) e a garantia que, a partir da próxima temporada, todos os penáltis serão cobrados por Neymar, algo que poderá levar à saída de Cavani, descontente por ter perdido a “guerra” apesar de esta época ainda partilhar a transformação de castigos máximos (uma quezília que todos diziam estar resolvida mas que pode não ter ainda terminado).
No meio de tudo isto, Jorge Valdano, o catedrático que provavelmente mais respeito reúne no mundo do futebol quando opina, já avançou com um outro problema para Neymar a breve/médio prazo. “Mbappé foi eleito melhor jogador jovem e dá-me a impressão que vai acabar por ser um problema para Neymar, que saiu do Barcelona para fugir de Messi e encontrou agora no PSG Mbappé, alguém que também vai marcar uma geração”, comentou à Onda Cero.