Se, na próxima segunda-feira, dia 30 de outubro, for tentar subscrever Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM), não conseguirá: o Governo suspendeu a subscrição desses títulos de dívida pública. Todavia, terá uma alternativa: os novos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC). Não deve aceitar essa proposta, porque rende muito pouco.

Os CTPC têm um funcionamento muito semelhante aos CTPM: após a subscrição com um mínimo de mil euros, os aforradores recebem anualmente um juro na conta bancária, que aumenta de ano para ano. Porém, ao contrário dos CTPM, que se vencem após cinco anos, a duração dos CTPC é de sete anos. Se o subscritor solicitar o reembolso antecipado, perde os juros corridos desde o último pagamento. Não é possível resgatar a poupança no primeiro ano.

O mais importante para os aforradores é isto: houve um corte drástico da taxa de juro dos CTPM para os CTPC.

Taxas de juro dos CTPM e dos CTPC
Embora tenham um prazo mais longo, as taxas de juro dos CTPC são mais baixas.
Certificados do Tesouro Poupança Mais
(subscrições até 29 de outubro de 2017)
Certificados do Tesouro Poupança Crescimento
(subscrições a partir de 30 de outubro de 2017)
1.º ano 1,25% 0,75%
2.º ano 1,75% 0,75%
3.º ano 2,25% 1,05%
4.º ano 2,75% 1,35%
5.º ano 3,25% 1,65%
6.º ano 1,95%
7.º ano 2,25%
Fonte: IGCP, Gabinete do Ministro das Finanças.

Enquanto uma aplicação de mil euros nos CTPM rende 81 euros em cinco anos, no mínimo, o mesmo montante investido nos CTPC produz 39,96 euros em juros líquidos de IRS, assumindo uma tributação de 28% sobre os rendimentos. É menos de metade.

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Prémios logo desde o segundo ano

Em vez de atribuírem prémios apenas no quarto e no quinto ano, como nos CTPM, os CTPC premeiam os aforradores logo a partir do segundo ano. Todavia, a regra é menos favorável: o prémio é equivalente a 40% do crescimento real da economia portuguesa nos quatro trimestres conhecidos anteriores ao pagamento dos juros, se positivo. Além de ser metade do prémio dos CTPM (80% do crescimento real), tem um teto máximo: não pode ultrapassar 1,2% em cada ano. Estes prémios são somados à taxa de juro anual dos títulos de dívida.

Se as previsões do Fundo Monetário Internacional para a economia portuguesa se concretizarem aquando da atribuição dos prémios anuais, uma aplicação de mil euros em CTPM acumula 94,82 euros em juros líquidos de impostos ao longo de cinco anos, incluindo os prémios. No mesmo prazo, os CTPC rendem 56,09 euros. Nem no final dos sete anos conseguem tanto como os CTPM em cinco anos: pagam 93,24 euros, assumindo que as previsões do FMI de crescimento real de 1,2% em 2022 se estendem até 2024.

A rentabilidade anual líquida dos CTPC sem prémios é de 0,99% a sete anos; com os prémios de acordo com as previsões do FMI sobe para 1,32%.

Rentabilidade anual líquida dos CTPC
O Fundo Monetário Internacional prevê uma inflação média de 2,2% nos próximos cinco anos. O retorno líquido de impostos dos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento deverá ser sempre inferior.
Sem prémios Com prémios*
1 ano 0,54% 0,54%
2 anos 0,54% 0,78%
3 anos 0,61% 0,92%
4 anos 0,70% 1,01%
5 anos 0,80% 1,12%
6 anos 0,89% 1,22%
7 anos 0,99% 1,32%
*Assume a previsão do FMI para o crescimento real da economia portuguesa (1,7% em 2019, 1,5% em 2020, 1,2% em 2021 e 2022) e crescimento real de 1,2% em 2023 e 2024.

Que fazer agora?

Se ainda for a tempo, subscreva CTPM. Se já for tarde, não subscreva CTPC: há depósitos a prazo e contas de poupança que rendem potencialmente mais. Por exemplo, o Banco BNI Europa oferece uma taxa de juro de 2,01% num depósito a cinco anos, o que, depois da retenção de impostos, representa uma rentabilidade anual de 1,43%. Todavia, este depósito não pode ser mobilizado antes dos cinco anos. Na versão do mesmo depósito com a possibilidade de mobilização antecipada, a taxa de juro é de 1,51%, o que se traduz numa rentabilidade anual líquida de 1,08% a cinco anos.

Mesmo que queira aplicar o seu dinheiro durante sete anos, os CTPC não são a melhor solução. Os operadores do mercado monetário esperam que a Euribor a três meses entre em terreno positivo dentro de dois anos. Por isso, uma estratégia inteligente pode passar por contratar depósitos de prazo não superior a dois anos e, no seu vencimento, investir na aplicação que, na altura, tenha o melhor retorno a cinco anos.