Quatro jogadores do Rio Ave terão sido pagos para perder um jogo da Primeira Liga, de acordo com uma notícia da SIC. Em causa está um encontro com o Feirense, na 20ª jornada do campeonato do ano passado. Os reguladores europeus deram o alerta quando perceberam que havia valores exagerados de apostas para um jogo daquela dimensão.
A Polícia Judiciária do Porto está a recolher indícios de crime a investigar o caso. Os quatro jogadores foram ouvidos pelo Ministério Público e constituídos arguidos. Há outros jogadores a serem investigados sobre encontros das últimas temporadas.
Os jogadores terão sido pagos por intermediários — que a PJ acredita serem especializados na prática de jogos combinados — ligados ao mundo do futebol. Depois de pagarem aos jogadores, os intermediários apostavam nos resultados do jogo online ou através de jogos como o Placard, sabendo que à partida iam recuperar ou duplicar o dinheiro. A PJ acredita que os pagamentos terão sido feitos em dias anteriores à partida.
Horas antes do jogo em questão começar, as apostas foram retiradas do site de apostas Placard e os reguladores europeus de apostas deram o “alerta fraude”, com a Santa Casa da Misericórdia a agir de imediato. A SIC avança que havia até 500 mil euros em apostas na mesma tendência e que 50 mil euros diziam respeito a só um apostador.
O jogo em causa — apenas com 1.309 espetadores — aconteceu em fevereiro em Santa Maria da Feira contra o Feirense, que ganhou com dois golos marcados por Platiny aos 6 minutos e Karamanos aos 74 minutos. O Rio Ave reduziu a diferença com um golo de Gonçalo Paciência. O Rio Ave ficou em sétimo lugar na última temporada.
Em comunicado, o Rio Ave reage com “espanto e indignação” e diz-se orgulhoso de ter “no seus quadros atletas e profissionais íntegros e competentes acima de qualquer suspeita”. Demarca-se ainda “deste ou de outro assunto que desvirtue ou ponha em causa a verdade desportiva”.
Até agora, tal como adianta a SIC, o Feirense – Rio Ave foi a única partida da primeira liga a levantar suspeitas de apostas ilegais.
Em comunicado, a Liga Portuguesa de Futebol diz ter “total confiança nas instituições e nas sociedades desportivas, nomeadamente no Rio Ave”. A Liga esclarece ainda que, à data das suspeitas, emitiu um comunicado com base em informações prestadas pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que justificou a suspensão das apostas “atendendo ao volume atípico de apostas registado e ao risco financeiro envolvido, cumprindo o disposto no art. 19º, alínea 8, da Portaria que regulamenta o jogo Placard.”
O processo encontra-se em segredo de justiça e a Liga já requereu “a sua oportuna intervenção como assistente”.