Terminou da pior forma a assembleia geral do Sporting, que se realizou esta tarde no Multidesportivo de Alvalade: a reunião magna foi suspensa, Bruno de Carvalho e restante direção saíram em bloco (altura em que se deu também uma debandada geral na sala) e a polícia foi chamada ao local por prevenção após a confusão gerada pelos ânimos mais exaltados em torno de Pedro Madeira Rodrigues, candidato derrotado nas últimas eleições do clube que marcou presença e que chegou a ser criticado pelo presidente leonino por mais do que uma vez.

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Em resumo, e de acordo com o que o Observador já apurou, os ânimos aqueceram quando quase todos os pontos estavam aprovados e alguns sócios colocaram um requerimento à Mesa pedindo que os restantes, relacionados com a revisão estatutária e o novo regulamento disciplinar, fossem votados numa outra assembleia. Bruno de Carvalho não gostou, saiu da sala com os restantes membros da e chegou mesmo a admitir pouco antes de abandonar a possibilidade de refletir sobre a sua posição enquanto presidente.

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“Temos de ver o que queremos para o nosso clube. Aquilo que se está aqui a passar é igualzinho ao que assisti na assembleia geral da Liga. O Conselho Diretivo vai reunir-se para decidir se se demite ou não”, referiu Bruno de Carvalho, num vídeo dentro do Multidesportivo que entretanto começou a ser divulgado nas redes sociais.

Mas como se chegou aí? Pelas informações recolhidas pelo Observador, e apesar dos protestos com o atraso de duas horas no início da assembleia geral (por problemas logísticos e face à grande adesão de sócios que se verificava, como referimos durante a tarde), as votações após o discurso inaugural de Bruno de Carvalho decorreram com grande tranquilidade e todos os pontos a sufrágio foram votados por quase unanimidade ou maioria. Quais? A atribuição a título perpétuo do número 9 ao goleador Fernando Peyroteo; a realização de uma auditoria de gestão ao mandato entre 2013 e 2017; a apresentação, pela primeira vez na história do clube, de um Relatório de Sustentabilidade do Grupo Sporting com pouco mais de 100 páginas; a autorização da aquisição de duas parcelas de terreno na Avenida Padre Cruz à Construz; e a possibilidade de negociação dos termos e condições da concessão a terceiros da construção e exploração de estabelecimento comercial num terreno de 3.300 metros quadrados também na supracitada Avenida Padre Cruz. Saltou-se também para o ponto oito sobre as contas consolidadas, que mereceu igual aprovação. O problema surgiria depois.

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Após o pedido por parte de alguns associados de uma nova assembleia geral para sufragar as alterações estatutárias e respetiva revisão do Regulamento Disciplinar, por forma a que as mesmas fossem mais “consolidadas” a nível de explicação, Jaime Marta Soares, presidente da Mesa, decidiu votar a proposta através de braço no ar. “38 votos contra”, disse, o que gerou alguma indignação na sala por ser percetível que o número seria bem maior do que o anunciado. Seguiu-se uma votação através dos cartões de votos que tinham sido distribuídos no início, que se revelou inconclusiva. A seguir, iria votar-se através de voto nas urnas preparadas no local. Perante a indecisão, Bruno de Carvalho teve a intervenção supracitada e acabou por sair da sala com a restante direção, seguindo-se também a debandada geral. Foi nesse momento que os ânimos ficaram um pouco mais exaltados entre os presentes.

“A falta de calma levou ao desrespeito entre alguns sócios e quisemos acalmar a situação. Temos de dizer e não tenho medo das palavras: o momento esteve quente, mas sem ultrapassar os limites do bom senso. Numa alteração estatutária vem sempre ao de cima o calor dos que desejam e não desejam. A assembleia ficou suspensa, mas será retomada e acabaremos por concretizar, com os votos dos sócios, a reforma estatutária. Aquilo que pudemos constatar é que foi respeitada religiosamente a liberdade dos sócios. Tenho pena de não termos atingido todos os pontos, mas a vida democrática é assim”, comentou Jaime Marta Soares, líder da Mesa.

“Dizer que Bruno de Carvalho abandonou a assembleia é um termo muito forte. Sei porque entendem que abandonou, mas saiu naturalmente da sala. Não havia a calma suficiente e atingiu alguns desrespeitos que as pessoas não aceitam muito bem. O presidente entendeu sair naturalmente como outro sairia e ele fez isso com o Conselho Diretivo. A Mesa só não saiu porque o comandante é sempre o último a abandonar o barco. Não são situações que preocupem no futuro. Uma das grandes preocupações de Bruno de Carvalho é que a palavra aos sócios não fosse cortada. Uns souberam utilizá-la, outros nem por isso”, completou.