Estamos ainda nos oitavos de final da Taça de Portugal de hóquei em patins, mas a verdade é que o pavilhão João Rocha recebeu este domingo aquele que concorre (e é sério candidato à vitória) para o prémio de melhor jogo da temporada: num clássico intenso, imprevisível e com momentos ao nível dos maiores do mundo, o FC Porto eliminou o Sporting nas grandes penalidades (3-0) após o empate a cinco no final do prolongamento.

A primeira parte teve apenas um golo, de Henrique Magalhães após assistência de Pedro Gil (6′), e durante 25 minutos acabou por assistir-se a um encontro com características muito parecidas ao que se realizou para o Campeonato entre os dois conjuntos no Dragão (vitória dos azuis e brancos por 2-1, naquela que é a única derrota dos leões na prova até ao momento): um Sporting calculista, a atacar pela certa e a fazer imperar sempre a boa organização defensiva contra um FC Porto mais ofensivo, muito mais rematador (quase o triplo dos disparos tentados). Ainda assim, foi Caio, com um livre direto à trave da baliza de Carles Grau, que esteve mais perto de aumentar, já depois de Girão ter defendido uma grande penalidade apontada pelo especialista Gonçalo Alves.

No segundo tempo, tudo mudou depois de um fantástico golo de Reinaldo Garcia, que fez a bola entrar ao ângulo da baliza do número 1 da Seleção (30′): ao contrário do que é normal em jogos grandes, o Sporting deixou que a partida se partisse e entrasse numa toada de ataques e contra-ataques rápidos e em superioridade numérica que só não deram mais golos por mérito dos guarda-redes, infelicidade dos avançados (houve uma verdadeira chuva de bolas nos ferros, muito mais do que é normal) e cortes in extremis no último instante. Jorge Silva, aos 33′, fez a primeira reviravolta no marcador aproveitando um erro leonino na área que o deixou rematar sozinho (1-2).

Hélder Nunes e Pedro Gil ainda falharam livres diretos, Girão esteve gigante na baliza e foi mantendo o Sporting “vivo” no jogo até ao empate, a cinco minutos do final: Vítor Hugo sofreu um toque no stick na área e Matías Platero, argentino que nem costuma ser primeira escolha na marcação de grandes penalidades, conseguiu fazer o 2-2. Voltava tudo à “estaca zero” antes de mais um minuto frenético, o 47′: Reinaldo Garcia voltou a adiantar os dragões com um fabuloso remate de meia-distância e, na resposta, João Pinto empatou a partida a três.

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O encontro ia para prolongamento e a primeira parte, de cinco minutos, foi de novo electrizante: numa má decisão da dupla de arbitragem (o jogo foi complicado, mas teve alguns lapsos para os dois lados), um penálti favorável aos azuis e brancos acabou por ser transformado em simulação e consequente 15.ª falta, com Vítor Hugo, avançado que curiosamente trocou o Dragão por Alvalade no último Verão, a fazer o 4-3; no minuto seguinte, João Pinto foi carregado em falta na área por Hélder Nunes, um penálti favorável aos verde e brancos acabou por ser transformado numa falta para o FC Porto e, nesse mesmo minuto, Rafa fez o empate com um toque à boca da baliza. Mas a história não ficaria por aqui: o mesmo Rafa, num golo só ao alcance dos melhores jogadores da modalidade, voltou a adiantar os visitantes quando faltavam já poucos segundos para o intervalo no prolongamento (4-5).

O FC Porto mudou o chip para os derradeiros cinco minutos, apostando mais na segurança na troca da bola e nas saídas rápidas aproveitando o balanceamento ofensivo do Sporting. Grau foi mantendo a baliza segura, até que entrámos em mais um minuto de verdadeira loucura na pista: a cerca de 30 segundos do fim, Girão defendeu um livre direto de Hélder Nunes, deu lugar a Vítor Hugo, Paulo Freitas arriscou jogar a última bola com cinco jogadores de campo e, a cinco segundos do apito final, viu o avançado bisar na partida concluindo ao segundo poste uma grande jogada coletiva que deixou a defesa da equipa de Guillem Cabestany sem reação.

A decisão chegou mesmo ao desempate por grandes penalidades, onde o FC Porto seria muito mais forte: enquanto o Sporting falhou as três tentativas (ou melhor, Grau conseguiu defender) por Caio, Vítor Hugo e João Pinto, os dragões foram 100% eficazes e marcaram por Gonçalo Alves, Hélder Nunes e Reinaldo Garcia, que fechou as contas do melhor jogo de hóquei em patins da temporada até ao momento, provando também que o Campeonato Nacional está ao nível dos melhores do mundo (se é que não ultrapassou já o de Espanha…).

O quadro de jogos e resultados dos oitavos de final da Taça de Portugal foram os seguintes:

* Famalicense-Benfica, 2-7
* Sp. Tomar-OC Barcelos, 4-3
* AA Coimbra-Riba d’Ave, 2-5
* Sesimbra-Valença, 2-6
* Lavra-Valongo, 2-4
* Marinhense-HC Braga, 7-4
* Cascais-HC Maia, 4-9
* Sporting-FC Porto, 5-5 (0-3, g.p.)

Os quartos de final, com data marcada para 14 de abril, terão os seguintes jogos:

* FC Porto-Benfica
* Valença-Riba d’Ave
* Valongo-Marinhense
* HC Maia-Sp. Tomar