Alex Stamos, executivo de topo no Facebook e responsável pelo departamento de segurança, está de saída da empresa a partir de agosto, de acordo com o New York Times. Na origem da saída estarão discordâncias sobre a forma como o Facebook está a reagir aos escândalos de alegada interferência política na plataforma, sobretudo por parte de hackers russos — um problema que teve novos desenvolvimentos a semana passada, com a divulgação das tentativas da Cambridge Analytica de recolher informação sobre eleitores através do Facebook.
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De acordo com o jornal norte-americano, Stamos terá tentado sair da empresa em dezembro, mas foi-lhe pedido que se mantivesse até agosto, por receio de que “a sua saída parecesse mal”, de acordo com o que disseram fontes do Facebook ao Times. Em vez disso, o executivo acordou que passaria a ter funções diferentes até agosto, supervisionando a transição do seu departamento. O seu departamento passou de 120 para apenas três funcionários, de acordo com informações dadas por funcionários do Facebook ao jornal.
Na segunda-feira, Stamos emitiu um comunicado onde admite “algumas divergências” com colegas, “incluindo com outros executivos”. No Twitter, não desmentiu a saída em agosto, mas disse-se “completamente empenhado” no trabalho que está a desenvolver no Facebook e explicou que o seu papel “mudou”. “Atualmente estou a passar mais tempo a explorar riscos de segurança emergentes e a trabalhar em segurança nas eleições”, escreveu. O Facebook optou por não comentar a possível saída do ex-responsável pela segurança.
Despite the rumors, I'm still fully engaged with my work at Facebook. It's true that my role did change. I'm currently spending more time exploring emerging security risks and working on election security.
— Alex Stamos (@alexstamos) March 19, 2018
O comunicado surgiu depois de alguns tweets publicados por Stamos durante o fim-de-semana, relativamente ao escândalo da Cambridge Analytica, que foram entretanto apagados pelo próprio. “Devia ter feito um melhor trabalho a ponderar isto tudo”, escreveu como justificação, acrescentando que “neste ambiente mediático” não sabe como “equilibrar crenças pessoais com responsabilidades profissionais”. Segundo o Times, a equipa de comunicação do Facebook incentivou Stamos a tweetar sobre o tema, mas duas fontes garantiram ao diário americano que a equipa vetou cada tweet publicado pelo executivo. Mesmo assim, acabaram por ser apagados.
I have always felt that the individuals who actually work on these problems should be engaged publicly. Doing so means balancing one's personal beliefs with their responsibility to their co-workers and employers. I don't know how to do that in this media environment.
— Alex Stamos (@alexstamos) March 17, 2018
Alex Stamos saiu da Yahoo em 2015 para passar a trabalhar com o Facebook. Desde cedo, houve discordâncias entre Stamos e outros executivos da empresa sobre como deveria o Facebook vigiar-se a si mesmo. Ao longo dos últimos anos, terá havido várias tensões entre a equipa de Stamos e as equipas legal e de política da empresa: os responsáveis pela segurança achavam que o Facebook devia ser mais honesto sobre como alguns países o utilizaram para atingir fins políticos; os restantes defendiam “imperativos de negócio”, de acordo com o New York Times.