A Fundação Casa da Música registou 6.384 euros de prejuízos em 2017, segundo o relatório e contas da instituição divulgado esta segunda-feira, que realça aquele valor como um objetivo “muito ansiado, após cinco anos de resultados líquidos muito negativos”. Em 2016, a fundação, sediada no Porto, tinha verificado prejuízos superiores a um milhão de euros e, um ano depois, foi possível melhorar os resultados líquidos devido ao reforço do subsídio proveniente do Estado em 600 mil euros, mas também “influenciado pelo aumento do nível de contribuição de mecenas e patrocinadores, no financiamento da Casa da Música, verificando-se um crescimento acentuado deste tipo de rendimentos”.
Também o parecer do conselho fiscal salienta “o desempenho positivo da fundação neste ano, que permitiu o apuramento de um resultado líquido praticamente nulo, invertendo, de forma significativa, a tendência que vinha sendo registada nos últimos anos”. No entanto, apesar de um aumento de 12% no número total de espectadores e participantes em atividades da Casa da Música, o número de bilhetes vendidos caiu 3%, de 147.892, em 2016, para 143.444, em 2017, com uma redução de 8% nos concertos de produção própria.
Segundo o documento anual, a redução do número de bilhetes vendidos por concerto em 2017 face ao ano anterior “é relevante, já que contraria a tendência que aconteceu durante cinco anos consecutivos”, situação para a qual foi “particularmente importante a diminuição do número de bilhetes vendidos, em média, por concerto da Orquestra Sinfónica, que passou de 711 verificados em 2016 para 694 em 2017”. No campo da visão para 2018 da fundação, pode ler-se no documento que “a restrição da Programação a um nível mínimo apresentou-se sempre como um imperativo incontornável”, sendo que “a Fundação Casa da Música considerou sempre fundamental explorar várias vias para que, tão cedo quanto possível, volte a alcançar o equilíbrio financeiro da Conta de Exploração, quer fazendo crescer as receitas quer controlando os custos”.
O conselho de administração da Fundação Casa da Música para o mandato 2018-2020 é composto por António Marquez Filipe, Rita Domingues, António Lobo Xavier e José Pena do Amaral, Teresa Moura e José Luís Borges Coelho (escolhidos pelo Ministério da Cultura) e Luís Osório (representante da Câmara e da Junta Metropolitana do Porto). O presidente do novo conselho de administração será eleito pelos membros daquele órgão numa reunião ainda a ser marcada, como lembrou o presidente cessante, José Pena do Amaral, que deverá ser reconduzido, segundo declarações do ministro da Cultura à saída do conselho de fundadores que designou a nova composição, no final de março.
Sobre o balanço destes três anos, o presidente cessante ressalvou que, quando assumiu funções, o objetivo principal era estabilizar a Casa da Música e equilibrá-la financeiramente, porque estava numa “situação difícil”. “Entregamos a casa estabilizada, com as contas equilibradas e com uma perspetiva de futuro positiva”, sustentou.